Fábio Porchat em cena polêmica do filme Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola, de 2017Reprodução
Fábio Porchat se pronuncia após acusação de pedofilia por filme de Danilo Gentili
Comediante se defendeu de ataques e ressaltou que personagem polêmico é o vilão do longa de 2017: 'Tudo mentirinha'
Rio - Fábio Porchat se manifestou sobre as acusações de pedofilia que recebeu pelo filme "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola", de 2017. Em uma das cenas do filme baseado no livro homônimo escrito por Danilo Gentili, o personagem interpretado pelo ator pede para ser masturbado por um adolescente. Cinco anos após seu lançamento, o longa se tornou alvo de críticas de políticos aliados ao bolsonarismo ao ser disponibilizado na Netflix.
"Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas...", começou Porchat, em nota enviada ao Dia.
Em seguida, o humorista citou atores que interpretaram vilões famosos do cinema e da TV, relembrando personagens como Don Corleone, de "O Poderoso Chefão", Nazaré Tedesco, de "Senhora do Destino", e Dóris, de "Mulheres Apaixonadas". "O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorrah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá, gente? Essas pessoas na vida real não são assim", destacou.
"Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual. E às vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme 'Pecados Íntimos'. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade", continuou o ator.
Fábio encerrou o texto citando fatos trágicos que se tornaram temas de grandes clássicos do cinema nacional: "Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional 'Cidade de Deus'? Ou tráfico de crianças em 'Central do Brasil'? Ou a hipocrisia humana em 'O Auto da Compadecida'. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha", finalizou o comediante.
Relembre o caso
Fábio Porchat e Danilo Gentili se tornaram alvos de acusações de pedofilia nas redes sociais por causa do filme "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola", lançado em 2017. Na trama, Porchat interpreta Cristiano, um pedófilo que tenta abusar de dois adolescentes, mas não consegue. "Vamos esquecer isso tudo, deixar isso de lado? A gente esquece o que aconteceu e, em troca, vocês batem uma punheta pro tio", diz o personagem do humorista, que também coloca a mão de um dos meninos em seu pênis na cena em questão.
A deputada Carla Zambelli, aliada ao presidente Jair Bolsonaro, afirmou que tomará medidas contra o filme. "O repugnante filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola naturaliza a pedofilia a fim de normalizá-la. Já informei ao Ministério da Família ao qual oficiarei, assim como denunciarei ao MP e solicitarei informações ao CNMP acerca dos procedimentos em curso", disse no Twitter.
Danilo Gentili usou a mesma rede social para rebater as críticas de forma irônica. "O maior orgulho que tenho na minha carreira é que consegui desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista. Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento: veio forte contra mim dos dois lados. Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu. Sigo rindo", escreveu.
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