Cara de Sapato foi expulso do ’BBB 23’ após assédio contra Dania MendezReprodução/Globoplay

Rio - O "Fantástico" deste domingo repercutiu a expulsão de MC Guimê e Cara de Sapato do "BBB 23" após o cantor e o lutador assediarem a mexicana Dania Mendez, do reality show "La Casa de los Famosos", que estava no Brasil para um intercâmbio entre realities. O dominical chamou especialistas para falar sobre o tema "consentimento". 
A atração mostrou as cenas de assédio a Dania e conversou com a psicanalista Manuela Xavier. "A gente consegue ver o constrangimento no corpo dela. Ela faz várias tentativas de sair daquilo ali. O corpo dela o tempo inteiro se esquiva. Sabe o clássico 'ela está sendo legal ou está me dando mole'? Ela não estava dando mole para ele, não estava dando abertura. É mais uma expressão da misoginia, né? Não é uma brincadeira, não é um mal-entendido, e é preciso que a gente não silencie. O nosso silêncio protege os homens. O nosso silêncio mantém a lógica do abuso acontecendo", disse a especialista. 
Cara de Sapato e MC Guimê foram procurados pelo "Fantástico", mas não quiseram dar entrevistas. Eles se pronunciaram apenas pelas redes sociais. O psicólogo Alexandre Coimbra Amaral também falou sobre masculinidade no programa. Para ele, a sociedade normaliza violências contra a mulher.  
"Eu tenho um grupo terapêutico de homens online em que a gente está o tempo inteiro discutindo todas as questões das nossas masculinidades, né? É duro, é amargo assumir que nós todos fomos criados nessa cultura que normaliza as violências contra a mulher. Eles estão reproduzindo uma cultura violenta. É importante que a gente não os veja como monstros, mas mais um de nós. Nós todos fazemos parte desse grupo e precisamos mudar como cultura, como coletivo. A gente tem o privilégio de poder assistir a uma cena como essa do 'BBB' e refletir em silêncio: quais foram as vezes que eu importunei uma mulher? Que eu assediei uma mulher? Que eu neguei a essa mulher o direito ao consentimento? Isso é importante", afirmou.
A advogada Izabella Costa acredita que é preciso reforçar a definição de consentimento. "A legislação brasileira não traz de forma expressa o que vem a ser consentimento. Hoje a gente tem consequências jurídicas descritas no nosso Código Penal para quem pratica o crime de estupro, para quem pratica o crime de importunação sexual, estupro de vulnerável, assédio sexual, mas compreender melhor os limites do 'não é não', do que vem a ser consentimento, é imprescindível pra que a gente avance ainda mais nessa pauta", disse a profissional, que ressaltou que consentimento é apenas quando a pessoa diz "sim". Caso a pessoa fique calada, sorria, ou esboce qualquer outra reação é não.