Heloisa Périssé encara primeira vilã da carreira em Etâ Mundo Melhor! Divulgação/Dani Dacorso
Heloisa Périssé se reinventa como vilã em 'Etâ Mundo Melhor!': 'Tudo pode acontecer'
De volta às novelas, atriz destaca equilíbrio entre humor e vilania de Zulma em primeiro papel malvado na carreira
Rio - Heloisa Périssé enfrenta um desafio inédito na carreira ao interpretar a primeira vilã em "Etâ Mundo Melhor!", nova trama das 18h da TV Globo, que estreia nesta segunda-feira (30). A atriz volta às novelas após oito anos para viver a megera Zulma, dona do abrigo Casa dos Anjos. É no orfanato que Ernesto (Eriberto Leão) deixa o filho de Candinho (Sergio Guizé) quando uma tentativa de ir embora com Filomena (Débora Nascimento) acaba na morte da amante em um incêndio.
"Voltar (às novelas) como uma vilã, ainda mais sendo a minha primeira, foi um convite que se tornou irresistível, além de eu considerar a realização de um sonho! Sem contar que já estava com vontade de mergulhar em um novo desafio... Quando soube que esse trabalho estava a caminho, pensei: 'É agora!' A Zulma é completamente diferente de tudo o que já fiz, e isso me instigou. Voltar com uma personagem tão intensa, cômica e sem escrúpulos é o tipo de provocação artística que eu adoro", comemora Heloisa.
A atriz de 58 anos ainda menciona o trio responsável pelo folhetim: os autores Walcyr Carrasco e Mauro Wilson, e a diretora Amora Mautner. "Walcyr não imagina o que foi esse convite. E estar com Amora me dirigindo, ela foi a diretora com quem fiz minha primeira novela ('Cama de Gato', em 2009), onde trocamos muito e Mauro Wilson que eu já trabalhei em vários programas de humor e quem admiro demais! Foi uma das melhores conjunções da minha vida", pontua.
Equilibrar o lado engraçado na construção de uma personagem com requintes de maldade é complexo para Périssé. "Esse foi o maior cuidado: não deixar a comédia suavizar as ações dela. O humor, nesse caso, vem da situação, do exagero, da forma como ela manipula as coisas. Mas ela tem ali o seu desvio de conduta, sim. Então, meu desafio foi não perder o peso das atitudes dela, mesmo rindo. Porque rir da maldade não pode ser sinônimo de aceitá-la", pondera.
Com isso, a artista opina se essa característica divertida de Zulma suaviza ou ajuda a escancarar o exagero em suas ações. "Acho que as duas coisas. O humor pode dar humanidade, sim, porque revela fragilidades, desejos, até uma certa carência afetiva dela. Mas, ao mesmo tempo, também amplifica o absurdo. É aquela coisa, a gente ri e depois pensa: 'gente, que horror!' (risos). E essa ambiguidade é muito rica para o público", acredita.
O último folhetim de Heloisa foi "Novo Mundo", em 2017. Agora, ela retorna à rotina acelerada de gravações com entusiasmo. "Gravar novela é como andar de bicicleta, a gente nunca se esquece. O ritmo é intenso, exige muito foco e energia, mas é também um lugar de muita troca, criatividade, vida pulsando. Claro que dá aquele friozinho na barriga, mas é um frio bom, que me lembra porque eu amo tanto atuar", afirma.
Ela, inclusive, reflete como esse tempo longe das novelas influenciou sua visão artística e a maneira de atuar. "A gente vai amadurecendo, né? A vida nos ensina muito. Eu voltei mais conectada comigo, mais segura das minhas escolhas. E também mais leve, sempre amei trocar com meus colegas e hoje sinto que estou ainda mais. Hoje eu consigo brincar mais com a cena, confiar mais no meu instinto, ouvir mais meus parceiros. E isso tem sido uma delícia".
Com três décadas de carreira, a loira não esconde a empolgação com a chance de se reinventar em um papel único. "Sempre tive vontade de fazer uma vilã, mas queria que fosse uma com camadas e algum tom de humor. Zulma é exatamente isso. Estudei muito e o Dadado (de Freitas, preparador] me ajudou, mas o segredo foi entender a lógica torta dela. Ela acha que está sempre certa e fazendo o melhor… mesmo sendo completamente absurda! (risos) Esse olhar é fundamental", ressalta.
A relação com as crianças do abrigo é um dos destaques da história de Zulma. A vilã as obriga a costurarem, bordarem e encadernarem os livros que ela vende. Briga e atormenta os pequenos, mas sempre de maneira engraçada.
"Eu amo estar cercada por crianças, porque a minha criança está quase sempre presente quando estou trabalhando como atriz. O universo lúdico me alimenta, me preenche artisticamente. As crianças trazem uma verdade e uma espontaneidade que me transportam pra cena de um jeito maravilhoso. A gente tem conseguido construir um ambiente com muito cuidado e afeto, sempre respeitando o olhar delas. E fora do set, o convívio é muito leve e genuíno", conta.
É no orfanato onde Samir (Davi Malizia) vai parar. O menino é filho de Candinho, que vai despertar o interesse de Zulma por conta da fortuna que o protagonista herdou da mãe. Heloisa adianta que teremos uma vilã sedutora e atrapalhada na busca pelo coração do rapaz.
"Uma vilã que se respeite sempre tem suas artimanhas para usar na hora certa. Talvez em algum momento ela até acredite um pouco na fantasia que ela mesma vai criar. Mas em novela, tudo pode acontecer. Ainda mais sendo uma novela do Walcyr, que faz muito bom uso do fato de ser uma obra aberta", destaca.
A artista compartilha suas expectativas e o que os fãs podem aguardar dessa nova fase profissional. "Podem esperar uma Heloisa mais entregue, mais ousada, mais disposta a brincar com o inesperado. Estou me divertindo muito e, ao mesmo tempo, muito comprometida em entregar algo diferente. Espero que o público embarque nessa comigo pra rir, se indignar e até se surpreender. Afinal, vilã também é gente! (risos)."




