Anderson Di Rizzi volta a viver Zé dos Porcos em ’Êta Mundo Melhor!’TV Globo / Leo Rosário
- Uma das novelas mais queridas pelo público volta às telas para uma continuação. Em 2016, você deu vida ao Zé dos Porcos em ‘Êta Mundo Bom!’. Como é reviver este papel nove anos depois?
Para mim foi uma surpresa, porque eu não esperava quando eles me chamaram um ano atrás. Eu falei: 'Ah, nunca vi isso acontecendo em novela'. Então respondi: 'Olha, para essa data que vocês falaram, hoje eu posso, mas a gente conversa lá na frente'. Dei uma desencanada, e quando realmente me ligaram para assinar o contrato e tudo mais, a ficha começou a cair. Apesar de ser o mesmo personagem, ele está em um momento diferente. É uma continuação, são novas histórias. Posso dizer que estou mais maduro. Mas o Zé dos Porcos é o personagem que as pessoas mais lembram que eu fiz. Dou sempre o meu melhor, arrisco muito, mas nem sempre a gente acerta. Às vezes a gente erra, mas com esse personagem acho que consegui acertar um pouco a mão.
- A continuação traz uma nova fase da história e dos personagens. O que o público pode esperar do ‘novo’ Zé dos Porcos?
Pode esperar coisas bem autênticas, bem distintas da versão anterior. Pelo o que tenho conversado com os meus colegas de elenco, todos estão com uma maturidade diferente em relação ao personagem anterior. Acho que a galera vai se divertir muito, porque é uma novela leve. É uma novela para a família sentar na sala e respirar tranquila… Vai resgatar os momentos que eu era criança e via a minha mãe correndo com o jantar para ir para a sala assistir a novela. Acho que é uma novela que as pessoas vão correr para a sala para ver.
- E como está sendo trabalhar com a Castorine?
A Castorine é uma excelente comediante. Ela joga muito, ela tem muito a vibe da Tatá Werneck. É um humor, para mim, muito parecido. Ela decora o texto, ela estuda e a gente conversa muito sobre as cenas. A gente chega com propostas para os diretores quando vamos gravar e, se o diretor muda, ela muda também… Ela não se prende, é estudiosa… Ela chega pronta, chega cedo, se arruma, está pronta no horário. Também está sempre sorrindo. O clima está uma delícia.
- Falando dos bastidores como um todo, como está o entrosamento com toda a equipe? O que está achando da direção da Amora Mautner?
O clima está muito gostoso, leve. A Amora tem uma característica muito peculiar. Ela consegue fazer teatro dentro da televisão. As minhas primeiras cenas com a Castorine foi ela quem dirigiu. Ela começou a dirigir a gente, e eu falei: 'Caramba, Amora, você está fazendo um teatro aqui'. A Amora é uma excepcional diretora de atores. Para mim, que faço muito e venho do teatro, a Castorine também, a gente conseguiu aproveitar bem a Amora nesse começo, porque agora ela está muito na edição. Ela ainda dirige, mas ela está muito envolvida agora com a com a estreia, com a entrega de capítulos e tudo mais. Mas está tudo muito afinadinho.
- O que você achou do novo texto de Walcyr Carrasco?
O texto do Walcyr, junto com o Mauro Wilson agora, está mais divertido do que a novela anterior. A gente já recebeu bastante capítulos, e eu acho ele mais divertido. Walcyr veio mais inspirado, porque tem essa responsabilidade. Você voltar com o sucesso que já teve… o público espera ver algo igual ou melhor. É tanto uma responsabilidade do Walcyr, quanto da direção nova, mas também dos atores, porque a gente tem que entregar o nosso melhor sempre. Na festa da novela, o Walcyr olhou para mim e falou: 'O Zé dos Porcos é o seu grande papel, né?'. Eu falei assim: 'Você acha?'. Ele falou: 'É o seu grande papel'. Falei: 'Poxa, muito obrigado pela oportunidade de reviver ele'. Ele disse: 'Não, você merece. A gente construiu juntos'.
- Você sentiu alguma diferença no personagem em relação ao de 2016? Quais são os melhores momentos do Zé dos Porcos que você gravou até agora?
O meu personagem tem 12 anos de idade, né. Ele não tem a maturidade de um homem, ele tem esse lado ingênuo, puro, do campo, do caipira, ele tem a malícia, mas não é a malícia de um cara da minha idade. A relação dele com a Maria Divina é, eu diria, adolescente. O que sustenta ela é o amor e a pureza. E eu acho que a Amora trouxe algo diferente, que eu não esperava. Ela disse: 'Eu quero o Zé dos Porcos mais galã agora'. Eu falei: 'Galã? É sério?'. Ela falou: 'Sim, eu quero ele mais vaidoso'. Não é que ele vai virar um galã, mas ele está mais vaidoso, porque a Maria Divina elogia ele como ele nunca foi elogiado antes por ninguém. Ele está se achando agora. Tem uma cena que ele vai para São Paulo e ela fala: 'Você tem que ir mesmo, vai, coragem, vai lá, vai dar tudo certo'... sabe? Ela coloca ele para cima.
- E você tem alguma inspiração para fazer o Zé dos Porcos? Como tem sido a sua preparação?
Estou revisitando muito Mazzaropi. Começo a ver o filme, e quando tem alguma ceninha que eu pego umas coisas diferentes, volto, pego meu caderninho e anoto. Estou trazendo umas coisas diferentes também. O próprio (Charlie) Chaplin, eu gosto muito. Quando fui estudar Os Zé dos Porcos, fui muito nesse universo. Também estou trazendo umas coisas de campo e tem coisas do meu pai. Ele é mineiro, da roça mesmo, então tem coisas que vivi, porque até o começo da minha adolescência, umas duas vezes por ano, eu ficava três semanas na roça, no meio dos bichos e com meus primos lá em Minas (Gerais). É um universo muito próximo ao meu. Esses dias, fui gravar uma cena tirando leite da vaca. O Alexandre Macedo falou: 'Cara, eu posso fazer a cena você já terminando de tirar o leite ou tirando o leite?'. Eu falei: 'Cara, meu pai me ensinou quando tinha 10 anos. Vamos tentar'. E deu certo.
- E falando da rotina do dia a dia, como está sendo conciliar a paternidade, agora que você é pai da Helena e do Matteo, com as gravações?
Eles estão em São Paulo, eu estou no Rio, Então, acabei alugando um lugar agora com uma área de lazer, pensando neles. Eles vão continuar em São Paulo, mas toda folguinha que tenho, venho para São Paulo. Quando dá, venho de avião, quando não dá eu pego um ônibus mesmo. Já teve dia que saí da gravação às 21h40 e tinha um dia e meio de folga. Falei para Thaís, minha mulher: 'estou indo de ônibus agora, vou pegar 11 horas, fico amanhã e amanhã à noite volto de ônibus de novo'. Estou tentando dar uma amenizada na minha saudade e também no estranhamento deles, porque eles são muito pequenininhos, eles acham que, por exemplo, que ia gravar a novela, por uma semana e já acabou, não ia gravar mais. Eu falei: 'Não, filho, vai até fevereiro, papai vai ficar menos aqui agora. Quando der, vocês vão para lá'. Eles ainda têm um estranhamento. Mas eu sou muito família, então eu gosto muito de estar perto deles. Cansa vir para cá e voltar, mas poxa, sou tão recarregado de amor e carinho, que eu volto com mais com mais mais força.
- Você ficou seis anos fora da televisão. Como é voltar às novelas depois de tanto tempo? Como está o coração para a estreia?
Gosto muito de fazer TV. As novelas são uma maratona. É uma corrida de Fórmula 1. Porque, assim como a corrida, se você pisa um pouquinho no freio na curva, você é ultrapassado. Mas ser ultrapassado no sentido de você sair do foco, você não pode sair do foco. Voltar a fazer novela é algo que eu tenho muito prazer em fazer, apesar de ser muito longo, de exigir muito da gente. Nesse tempo, fiz muita coisa também: teatro, filme, estou produzindo filme, aqui em São Paulo a gente tem uma clínica… Filho, escola. Mas não curto muito ficar me vendo na TV. É engraçado. Acho que, com a estreia, está todo mundo meio tenso para começar a ver defeito, saber onde pode melhorar, mas é claro, ao mesmo tempo a gente está muito feliz, está todo mundo muito ansioso. É uma novela que tem uma grande expectativa do público e nossa também. Acho que ela vai agradar muito.
- Qual é a importância do Zé dos Porcos na sua vida? Tem alguma história que envolve o personagem que tenha te marcado?
O Zé dos Porcos é o personagem que as pessoas mais lembram que eu fiz, era um sucesso, foi absurdo. Tem uma história que me marcou muito. Eu estava na clínica, trabalhando, e tem uma paciente que começou a fazer um protocolo. Um dia ela chegou para mim e falou: 'Anderson, eu posso te contar como que eu vim parar aqui?'. Eu falei: 'Claro, você veio pelo nosso Instagram, né?'. Ela falou assim: 'Então, eu vim por conhecer você, e aí eu vi o Instagram da clínica'. Ela não mora perto, mas explicou: 'Quando você estava fazendo 'Êta Mundo Bom!’' minha mãe estava com câncer avançado, só que quando você aparecia, quando o seu personagem aparecia, eram os poucos momentos do dia que a gente conseguia ver minha mãe sorrindo. Ela não sorria mais. E quando ela faleceu, no meio da novela, a gente começou a ver, por causa dela'. Ela se emocionou, chorou e tudo mais, e eu dei um abraço nela. A gente faz uma cena engraçada, a gente constrói algo, mas não imagina de que maneira isso está impactando aqui fora. Eu não tinha essa noção de que meu personagem arrancava o sorriso das pessoas. Eu fiquei muito emocionado. Foi algo que me tocou muito.












