Marina Lima durante o ’Conversa com Bial’Reprodução de vídeo
Marina Lima comenta morte assistida do irmão, Antonio Cicero: 'Não traiu as convicções dele'
Cantora disse que 'jamais iria interferir' na decisão do familiar
Rio - Marina Lima falou sobre a morte do irmão, Antonio Cicero, durante o "Conversa com Bial", do GNT, nesta segunda-feira (14). O poeta e filósofo, que tinha Alzheimer, faleceu aos 79 anos, em outubro do ano passado, após optar por eutanásia - morte assistida - na Suíça.
"A morte dele faz parte da obra dele. Isso é incrível, tenho um orgulho danado disso. Porque o Cicero não deixou barato em nenhum momento, não traiu as convicções dele em nenhum momento. É um orgulho danado. Faz todo mundo ter que pensar de novo sobre isso... Sobre eutanásia, sobre permissão. Por que tem que ir para o exterior fazer isso? Devia ser como várias coisas no Brasil, devia ser permitido no Brasil também", disse a cantora.
A artista disse que o familiar não compartilhou com ela a decisão da eutanásia. "Ele não conversou com ninguém sobre isso, porque acho que ele tinha medo que alguém interferisse. Eu jamais iria interferir, porque conheço ele desde que nasci. Sei como ele é, sei como ele era racional e decidido em relação a tudo. Ele conversou com o Marcelo, marido dele de mais de 40 anos", comentou.
Marina ainda lembrou que o irmão esteve em vários shows dela antes de morrer. "Não percebi, porque ele começou a aparecer em todos os shows. Os shows que estava fazendo naquele período, que foi o lançamento do 'Rota 69', ele assistiu a uns quatro.... Estava tão feliz, em todo show o homenageava. Falava dele e ele era ovacionado. Não percebi que ele iria fazer isso (eutanásia). Eu só soube de véspera, quando ele me ligou de lá, da Suíça", afirmou.
"Tinha estado com ele uma semana antes, na casa dele. E ele falou: 'Estou na Suíça'. Quando ele falou 'estou na Suíça', já entendi. Porque, na realidade, o Cicero sempre foi ateu, nunca acreditou em nada. Mas viveu a vida até a última gota. Ele adorava a vida. Era um aventureiro, poeta e filósofo. Adorava o que ele fazia, o ofício. E dono de uma inteligência impressionante", completou.
Antonio Cicero Correia Lima era compositor compositor, poeta, crítico literário, filósofo e escritor brasileiro. Ele escrevia poesia desde jovem e um deles foi musicado pela irmã, Marina Lima. Ele então produziu sucessos como "Fullgás", "Pra começar", com Marina, e "À francesa", com Claudio Zoli. O escritor também tinha parcerias musicais de Antonio estão com Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais, Adriana Calcanhotto e Lulu Santos (ele é co-autor da música 'O Último Romântico' com o artista).
Antonio se tornou imortal na Academia Brasileira de Letras (ABL) no dia 10 de agosto 2017. Ele ocupava a cadeira 27, que era de Eduardo Portella.



