Rafaella Machado é editora executiva do selo Galera RecordDivulgação
“É surreal de incrível a Galera Record completar 15 anos. Eu acho que o mais emocionante é ver uma geração inteira de jovens leitores que se transformou em adultos leitores... Alguns se transformaram em autores da Galera Record, outros em ilustradores e designers que trabalham com a gente”, inicia a editora-executiva do selo, Rafaella Machado.
“A gente conseguiu formar uma comunidade de leitores, de pessoas apaixonadas por livros. Essas pessoas cresceram com os nossos livros e estão produzindo suas próprias histórias, descobrindo outras histórias que amam. Pra mim isso é muito mágico”, completa.
A literatura jovem está cada vez mais em alta. Prova disso é que, no ano passado, durante a Bienal do Livro, mais três editoras lançaram seus selos voltados para esse público. Além disso, o livro mais vendido da Amazon Brasil em 2023 foi o jovem adulto "É Assim que Começa", da autora americana Colleen Hoover, publicado pela Galera. Para Rafaella Machado, muito mais do que um ótimo faturamento, o selo Galera representa o espaço que o grupo tem para inovar, descobrir tendências e conversar com os jovens.
“Sem dúvida nenhuma a Galera é um selo indispensável no Grupo Editorial Record. Não só pelo faturamento, apesar dela ser responsável por uma fatia significativa do nosso faturamento… Mas é muito mais que isso pra gente. A Galera Record é o laboratório onde a gente testa, onde a gente descobre tudo que existe de tendência para o novo leitor, para a nova geração de leitores do grupo”, analisa.
“As coisas chegam antes no jovem adulto. As tendências, os autores, o tipo de história, as inovações… Então, pra gente é muito importante se manter ali na crista da onda, conversando com essa nova comunidade de leitores do selo. E, portanto, é indispensável a gente ter um espaço para falar com o jovem, que é o que a Galera Record representa hoje em dia”.
Redes sociais
As redes sociais como o TikTok, Instagram e YouTube acabaram trazendo ainda mais força para a comunidade literária, abrigando milhares de perfis dedicados ao assunto. Essas plataformas se tornaram praticamente indispensáveis para a divulgação de livros e além de uma importante ferramenta para as editoras compreenderem o que o público quer ver publicado no Brasil.
“É engraçado pensar que quando a Galera começou, as redes sociais também estavam começando. Então a gente foi muito pioneiro em usar as redes sociais como ponte para entender o que esse público precisa, o que esse público gostaria de ler, quais são as dores e as demandas desse novo leitor. E à medida que as redes sociais foram amadurecendo e os nossos leitores também, a gente foi estreitando esse laço com eles e aprendendo a usar as redes sociais para ter esse diálogo”, explica Rafaella.
“Para a gente é muito indispensável esse trabalho de comunicação com a comunidade de leitores. A rede social é uma ferramenta muito crucial na construção de catálogo e além de tudo nesse feedback que a gente tem. Eu sempre falo que a gente deixou de ser um filtro do que vai ser publicado para se tornar uma ponte do que aproxima as histórias do leitor, que ama esses universos. Para a gente é muito importante construir pontes e usar as redes sociais pra isso”, continua.
“Grande parte do nosso segredo pra conseguir grandes nomes vem dessa troca com os leitores não só nas redes sociais, mas também nos eventos presenciais em que nós estamos. A gente quer saber o que eles gostariam de ver nos próximos livros, quais autores vem da internet, quais fanfics movem multidões, quais fandoms eles estão interessados, e isso faz com que a gente acabe acertando porque a gente está ouvindo, escutando... É muito importante ter esse trabalho de troca”, completa.
Responsabilidade
As obras publicadas pela Galera abordam assuntos como amizade, romance, sexualidade e outros temas relacionados ao universo jovem adulto. A curadoria do catálogo exige muita atenção, tamanha a responsabilidade de publicar livros voltados para um público que está no período de formação de seu caráter.
Além disso, o mundo mudou. Se antigamente os livros de uma série eram publicados anualmente, um de cada vez, com todo o tempo e calma que o processo editorial precisa, hoje em dia os leitores querem ver suas séries favoritas completas em suas estantes no menor tempo possível.
“Eu diria que a maior dificuldade de fazer livros para jovens é o dinamismo. A gente tem pouco tempo pra fazer o livro acontecer, porque cada vez mais o jovem, como todo mundo na sociedade, está acostumado a consumir o conteúdo que ele quer no mesmo momento que o restante do mundo está consumindo. Então, a gente recebe aqui no Brasil o filme que estreou em Hollywood na mesma data… A gente tem buscado fazer com que os livros cheguem antes para o consumidor brasileiro, e para isso a gente precisa se programar, antecipar ao máximo os lançamentos que não são simultâneos, que não são mundiais, para que a gente consiga se dedicar a esses lançamentos que a gente quer trazer pro público no mesmo momento”, explica Rafaella.
“E também temos que entender a particularidade do jovem brasileiro, que não necessariamente vai ser igual a do jovem americano no sentido do que eles querem ler, quais temas são importantes pro leitor brasileiro… Tudo isso demanda um conhecimento, uma imersão na cultura jovem do nosso país, estar presente nesses espaços que os jovens estão presentes, tudo isso faz a diferença”, afirma a editora-executiva.
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