A carioca Natalia Guitler é referência mundial da mulher no esporte. Unindo a paixão pelas praias à habilidade com a bola nos pés, pernas e cabeça, se tornou uma das principais jogadoras de futevôlei e a primeira mulher campeã mundial em teqball.
O primeiro contato com o esporte ocorreu na infância. A caçula de três irmãos homens, trocou as bonecas pela bola. Começou a brincar com os irmãos na quadra do prédio e transformou o hobby em profissão. Inicialmente desenvolveu a habilidade no tênis. Mudou-se para a Argentina, disputando torneios mundiais. Em 2008, deixou as quadras de tênis, devido a uma lesão na tíbia. De volta ao Rio de Janeiro, se dedicou aos estudos, com formação em administração e pós-graduada em marketing esportivo.
Aos 19 anos, foi apresentada ao futevôlei por um de seus irmãos. A rotina nas praias foi ganhando mais espaço e Natalia Guitler descobriu uma nova paixão na área esportiva. A modalidade, que nem faz parte do programa olímpico, transformou sua vida. Criou projetos visando o crescimento do Futevôlei no Brasil e destaque das mulheres na modalidade, ainda com predominância masculina.
Natalia se reinventou e ganhou fama nas areias. Seu talento atraiu atenção de consagrados atletas do futebol, como Neymar, Romário, Falcão e Ronaldinho Gaúcho. Muito incentivada pelos craques, iniciou competições profissionalmente. Manteve o foco, quebrando preconceitos da mulher na disputa de campeonatos ao redor do mundo, conquistando admiração e respeito do público que acompanha a modalidade. Atuando há dez anos como profissional, a brasileira virou referência no esporte das areias.
Representando o país, conquistou três títulos de “Rainha da Praia” (Brasil, Israel e Espanha), vitórias em seis edições do Campeonato Brasileiro de Futevôlei, duas sul-americana e etapas mundiais.
A atleta conheceu o teqball, popularmente conhecido como Futmesa, em visita à casa do amigo Ronaldinho Gaúcho e ela se tornou uma das pioneiras da modalidade, que nasceu há cinco anos, na Hungria. Em 2019, conquistou o Campeonato Mundial na Hungria, se tornando a primeira mulher campeã do mundo em teqball.
Vamos conhecer um pouco mais sobre esse verdadeiro mulherão?! Confiram a entrevista com a atleta.
Quais os desafios para se destacar em esportes tão masculinos? Então pra mim, como mulher, entrar num esporte tão masculino não foi fácil. Porque a gente sabe que o futebol é um ambiente dominado por homens e sempre existe um preconceito. E comigo não foi e não é diferente. Óbvio que o fato de eu jogar minimiza um pouco, mas ainda existem ambientes que são muito preconceituosos. Até eu mesma passo por isso até hoje, em algumas situações, mas quebrei muitas barreiras ao longo desse tempo e estou sempre tentando me reinventar. Graças a Deus, muitas mulheres hoje veem que é possível jogar entre homens, nos campeonatos mistos de futevôlei. Muita gente se dedicando, e conseguindo inserir cada vez este tipo de disputa entre homens e mulheres no esporte, seja nas quadras em jogos oficiais, nas escolinhas, no meu Centro de Treinamento. A gente vê a toda hora, um ajudando o outro com intuito das mulheres crescerem mais no esporte. É muito legal acompanhar essa evolução que tem melhorado a cada dia, mas ainda falta muito.
Quais são os próximos projetos? Meus próximos projetos para o próximo ano são focar bastante no meu CT, nos novos projetos, campeonatos, inclusive os femininos, participar de eventos, viajar bastante e fazer clínicas de futevôlei para poder ajudar a desenvolver o esporte de uma maneira geral. Sigo no teqball, esporte que também me consagrou campeã mundial e que gosto muito de jogar com minha parceira Rafinha. Como no futevôlei, como no teqball, minha meta é continuar competindo.
Você se acha um mulherão? Pode deixar um recado para todas as mulheres? (Risos) Se eu me acho um mulherão? Eu me acho uma mulher grande, né!? Eu sou uma mulher de 1,79m, que se cuida. Gosto de me sentir bem, gosto de me valorizar. Cuido de mim pra mim. Estar bem comigo mesma acima de tudo! O meu recado para as mulheres em relação ao empoderamento feminino é que elas saibam se valorizar, saibam o potencial que elas têm. Toda mulher tem sua força, toda mulher pode ser quem e fazer o que ela quiser. Que todas possam ser capazes de descobrir isso! Fazer com que não haja competição entre nós, e sim possamos nos apoiar, ver e vibrar com o crescimento uma das outras. Acho, sem dúvida, que essa é a minha melhor mensagem... Dar as mãos e correr juntas, porque sem dúvida, isso vai fazer com que chegamos muito mais longe em todos os meios. O meio contra o preconceito masculino, para nos sentirmos melhores e nos sentirmos valorizadas.
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