Entenda os sinais mais comuns que uma criança apresenta ao estar sendo vítima de alienação parentalReprodução/internet

Olá, meninas!
Entre tantas batalhas que nós, mulheres, enfrentamos ao longo da vida, poucas são tão delicadas e dolorosas quanto aquelas que envolvem os filhos.
Quando o fim de um relacionamento vira palco de disputas e ressentimentos, o que deveria ser prioridade — o bem-estar da criança — muitas vezes acaba em segundo plano. E é justamente nesse cenário que a alienação parental aparece, silenciosa e devastadora, afetando laços afetivos e deixando marcas profundas.
Para entender melhor como identificar os sinais, o que a lei diz sobre o assunto e quais caminhos seguir, conversei com a querida Alexandra Ullmann, advogada e psicóloga referência nacional no tema, que há mais de duas décadas dedica sua trajetória a proteger vínculos e reconstruir pontes dentro das famílias.
Dra. Alexandra é referência nacional em Direito de Família e teve papel ativo na criação da Lei da Alienação Parental. - Divulgação
Dra. Alexandra é referência nacional em Direito de Família e teve papel ativo na criação da Lei da Alienação Parental.Divulgação
Confira abaixo:
Quais são os sinais mais comuns de que uma criança pode estar sendo vítima de alienação parental?
Sinais comuns de alienação parental incluem rejeição injustificada a um dos genitores, mudanças repentinas no comportamento da criança, discurso repetitivo contra o genitor afastado, medo ou resistência em estar com ele, e falta de explicação lógica para esses comportamentos."

Inicialmente a criança pode começar a resistir a estar na companhia do outro genitor, se sentir insegura, ter insônia e maior apego ao genitor alienador. Quando tratamos com adolescentes além da resistência há falas como “Você NOS abandonou”, “você destruiu a nossa família”; “você é um pai ou uma mãe ruim” e quando questionada sobre situações e fatos em que algo teria acontecido não sabe explicar.

Quem pode praticar a alienação parental? É sempre o pai ou a mãe?

Alienação parental pode ser praticada por qualquer pessoa que tenha contato próximo com a criança, como pai, mãe, familiares ou até terceiros. Não é exclusividade dos genitores

Todos aqueles que estão no entorno da criança podem praticar atos de alienação parental desqualificando o outro, pai ou mãe em suas funções parentais, assim como avós ou guardiães de forma geral.

Existe uma lei específica que trata sobre alienação parental no Brasil? O que ela diz?

A Lei nº 12.318/2010 trata especificamente dos atos de alienação parental que são entendidos como a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem tenha a criança ou o adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie o outro genitor ou que cause prejuízo a manutenção ou estabelecimento de vínculos parentais.

A lei é uma ferramenta de proteção, permitindo que a criança possa manter a convivência com ambos os genitores e suas famílias extensas, incluindo-se aí avós, tios, primos.

Quais são as consequências legais para quem pratica alienação parental?

A intenção da lei é permitir o vínculo parental entre a criança e seus genitores, mas quando isto é impedido por alguma das partes, o judiciário pode aplicar uma série de instrumentos para coibir a prática de atos de alienação parental.

Inicialmente, como a lei é educativa e não punitiva, o Juiz pode advertir a parte da prática destes atos explicando a ele suas consequências na formação do filho.

Se mesmo assim estes graves atos e atitudes persistirem o Juiz pode aumentar a convivência com o outro genitor; estipular multa; determinar acompanhamento psicológico; determinar a alteração da guarda ou sua inversão , inclusive mudando cautelarmente o domicilio da criança.

Como a justiça comprova que está acontecendo alienação parental?
A Justiça comprova a alienação parental por meio de provas como mensagens, e-mails, testemunhos, laudos psicológicos e relatórios de profissionais técnicos. Também pode determinar a realização de perícias e escutas especializadas para avaliar o impacto no vínculo entre a criança e o genitor."

Para que sejam declarados atos de alienação parental e para que se comprove sua existência.. As perícias são uma importante ferramenta para que o Juiz possa entender o funcionamento da família e o sofrimento da criança.

Estas perícias podem ser realizadas pelas equipes técnicas existentes junto aos Tribunais ou pode haver a indicação de um perito externo de confiança do Juiz.

A criança pode ser ouvida durante o processo judicial?

Sim. A criança pode ser ouvida durante o processo judicial, desde que tenha idade e maturidade para expressar sua opinião.
Isso é feito por meio de escuta especializada ou entrevista com equipe técnica, psicólogos, assistentes sociais e psiquiatras que possuem o treinamento específico para o atendimento deste tipo de caso, sempre respeitando os direitos e o bem-estar da criança

O que um pai ou mãe deve fazer ao perceber que está sendo vítima de alienação parental?

Ao perceber sinais de alienação parental, o pai ou a mãe deve reunir provas (como mensagens, áudios ou testemunhas), manter um comportamento equilibrado com a criança, evitar conflitos com o outro genitor e buscar orientação jurídica o quanto antes. É fundamental acionar a Justiça para garantir os direitos da criança e preservar o vínculo afetivo.

O melhor a fazer é não esperar um longo tempo para tomar alguma atitude pois o tempo é o melhor amigo do alienador e o pior inimigo do alienado.