Por tabata.uchoa
Rio - A Rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo é uma das mais importantes do país, corta 36 cidades e 15 delas ficam no estado do Rio. Hoje, em alguns trechos, a via absorve uma demanda tão grande, que existe a necessidade de separar o tráfego da rodovia do tráfego metropolitano, para desafogar e dar mais fluidez ao trânsito. Para Vicente Loureiro, diretor-executivo da Câmara Metropolitana do Rio de Janeiro, essa "dupla função" da rodovia está saturada. "Em determinados momentos, a Dutra desempenha quase o papel de uma avenida urbana e não uma rodovia federal, que é o seu papel principal. Isso atrapalha muito", explica. 
Com a chegada da crise econômica%2C obras de duplicação no trecho entre Magé e Manilha estão paralisadasArquivo O Dia

A saída para melhorar o tráfego pode estar no Arco Metropolitano. A ideia é que os caminhoneiros que circulam pela Região Metropolitana do Rio passem a usar o Arco, sem acessar Avenida Brasil ou Dutra. "Quando o Arco Metropolitano estiver completo, o tráfego de cargas e de passagem poderá passar por ele e não usar tanto a Dutra ou a BR101, como acontece hoje. O Arco passará a atrair uma movimentação de carga de passagem", explica Vicente.

Para ele, a concessão poderia ser uma saída para agilizar este processo. "O Governo do Estado tem muito interesse em dar condições operacionais adequadas e ver o Arco funcionando em sua plenitude. É muito importante a conclusão da obra para que ele possa cumprir esse papel estratégico e a concessão seria uma forma de operação mais qualificada, com mais segurança para os usuários".
Finalização da obra faria com que motoristas da Região Metropolitana do Rio passassem a usar mais o Arco%2C criando importante opção viáriaArquivo O Dia

DUPLICAÇÃO DA SERRA
Outro gargalo operacional importante na Rodovia Presidente Dutra é o trecho que passa pela Serra das Araras, que concentra muitos acidentes. "Duplicar a Serra das Araras é um desafio importantíssimo. Realizar isso vai melhorar bastante o tempo de viagem e dar mais segurança. Essa demanda é uma unanimidade entre os usuários que precisam passar por aquela área", reforça Vicente Loureiro.

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"Existe uma discussão jurídica e institucional de como pode ser feita esta obra. A concessionária atual realizaria os investimentos em troca de uma expansão do prazo de concessão, para pagar os investimentos realizados. Isso parece ser a solução mais viável e está sendo discutida no âmbito do Governo Federal. Esse investimento poderia gerar mais de 5 mil empregos e seria uma obra muito importante para o estado", finaliza Vicente.
Rio desloca multidão entre cidades
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Uma pesquisa do IBGE divulgada no ano passado mostrou que os trajetos entre os municípios do Rio de Janeiro e São Paulo vão bem além do transporte de cargas ou viagens isoladas. O estudo mostrou que grande parte da população precisa se deslocar para estudar ou trabalhar. Ou seja, o cidadão mora em uma cidade e trabalha ou estuda em outra.
No estudo "Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil", o IBGE revelou que 55,9% dos brasileiros (cerca de 106,8 milhões de pessoas), mais da metade da população, residia, em 2010, em municípios que formavam os chamados "arranjos populacionais". Ou seja, agrupamentos de dois ou mais municípios com forte integração populacional. Este fenômeno acontece quando as pessoas precisam se transportar com frequência entre os municípios, para trabalhar ou estudar.
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"A maior de todas as concentrações urbanas é a de São Paulo, que chamamos de cidade-região e que reúne 36 municípios e com uma população superior a 19 milhões de habitantes. Este estudo vem ajudar no planejamento de políticas públicas em diversas áreas", afirma Maurício Gonçalves, Pesquisador do IBGE.
Essas concentrações urbanas se caracterizam por esse forte deslocamento entre os municípios e nos dois maiores arranjos populacionais do país, os deslocamentos envolvem mais de 1 milhão de pessoas. É o caso de São Paulo, com 1.752.655 pessoas se deslocando entre seus municípios, e Rio de Janeiro, com 1.073.831. Os maiores fluxos ocorrem entre as cidades de Guarulhos (SP) e São Paulo (SP), Niterói (RJ) e São Gonçalo (RJ), Duque de Caxias (RJ) e Rio de Janeiro (RJ) e entre Osasco (SP) e a capital paulista.
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Os dados coletados mostraram, ainda, que o eixo Rio de Janeiro - São Paulo apresenta um movimento de 13,4 mil pessoas entre seus arranjos, 57,7% delas se deslocando somente em função do trabalho e 40,5% somente devido ao estudo.
Surgem, na Baixada, novas empresas às margens da rodovia
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A Dutra desempenha também um importante papel na economia da Baixada Fluminense e por isso essa região expira cada vez mais atenção. Segundo Vicente, neste trecho da Dutra havia apenas um grande polo industrial, mas hoje o local agrega outras funções logísticas.
"Esta região sempre abrigou várias atividades industriais, mas recentemente, de uns 10 ou 15 anos para cá, percebemos uma mudança de serviços, com o surgimento de shoppings, centros comerciais e até concessionárias de automóveis", explica. Para ele, outra mudança importante às margens da rodovia na região da Baixada é o crescimento de galpões de logística.
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"Antes, tínhamos muitos galpões instalados em áreas mais antigas da Baixada, como em Belford Roxo e São João de Meriti. Mas também percebemos esse crescimento em Queimados e Seropédica, que são áreas que até recentemente não eram tão ocupadas. É uma estrada vital para a região e necessita de uma gestão de tráfego cada vez mais intensa", afirma Vicente.