Por nadedja.calado

Brasília - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, comentou brevemente nesta quinta-feira a conversa que teve com o presidente da República, Michel Temer, após o surgimento do seu nome nas delações da Odebrecht. Ele negou que tenha colocado o cargo à disposição, repetiu que está constrangido e negou as acusações. "Não cheguei a colocar meu cargo à disposição; disse a ele (Temer) para ficar à vontade", afirmou, entrevista ao Grupo Estado.

Maggi admitiu as dificuldades de sua Pasta na negociação para reduzir a taxa de juros controlados para o financiamento agrícola e pecuário. Segundo ele, quando o assunto é o juro, "existem dois governos: o da parte econômica e o agrícola", ambos com visões diferentes. "Quanto menos juros melhor. O problema é que temos a parte econômica que quer cobrar juros mais caros", afirmou.

Carne Fraca

Para o ministro, a grande dúvida após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que completou um mês esta semana, é como o consumidor estrangeiro se comportará em relação ao produto brasileiro a partir de agora. "É a grande interrogação."

Esta incógnita dificulta o cálculo dos prejuízos que devem ainda serem amargados pelo setor. Ele comentou sobre casos como o de uma imagem, que circulou nas redes sociais, de uma lanchonete em Hong Kong com um aviso na entrada aos clientes de que o local não serve carne brasileira. Para ele, isso deve ser trabalhado com tranquilidade.

Funrural

Na entrevista, Maggi mostrou preocupação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de determinar o retorno do recolhimento da alíquota de 2,3% do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) pelos produtores rurais sobre o faturamento bruto nas operações de venda de produtos agrícolas e pecuários.

Segundo ele, produtores com liminares judiciais que não recolheram o Funrural e que poderão ter de pagar o imposto retroativo aos últimos cinco anos, podem comprometer o correspondente a 25% da renda obtida no ano passado, por exemplo, caso tenham de pagar o valor integral em 2017. Uma saída, de acordo com o ministro, seria a criação de um programa de refinanciamento dessa dívida, "um tipo de Refis", mas o assunto só deve ser discutido após a publicação do acórdão.


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