Rio - Ao tentar passar um clima de normalidade, o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que o resultado da votação na CAS do Senado, que derrotou o relatório da Reforma Trabalhista , matará a tramitação da Reforma da Previdência (PEC 287) na Câmara.
“Não tem nada morto. Estamos do ponto de vista fiscal quase mortos, por isso a gente precisa da Reforma da Previdência”, reforçou.
De passagem pela Câmara, Maia disse que deputados e senadores têm consciência da importância das matérias, por mais difícil que sejam. “Não é um bom resultado, mas tem a CCJ e o plenário. E o presidente Eunício Oliveira (do Senado) me deu certeza de que o plenário deve encaminhar positivamente a reforma”, acrescentou.
Derrota do governo Temer na CAS
O governo Temer amargou ontem derrota que não esperava na tentativa de fazer a Reforma Trabalhista passar na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. Com a rejeição do relatório de Ricardo Ferraço (PSDB-ES) foi aprovado, em votação simbólica, o voto em separado de Paulo Paim (PT-RS), espécie de relatório alternativo, que acompanhará o projeto que altera a CLT na tramitação na próxima comissão, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Ferraço avaliou que a rejeição representa derrota para Temer. Ele considera que o resultado é “mais político do que regimental” e pode enfraquecer o apoio à proposta no plenário da Casa.
Após votação, Paim gravou vídeo para as redes sociais e chorou ao falar do resultado. “Quando a vitória é ganha na prorrogação tem mais emoção”, disse. Ele afirmou que a rejeição foi “uma vitória do povo brasileiro”. “Iriam tirar todos os direitos de vocês, era um crime contra nossa gente”, declarou. O senador emendou a confiança na queda do presidente Temer.
Já a base governista relativizou a rejeição. A página oficial do PMDB na rede social publicou texto afirmando que o resultado não interfere na tramitação da proposta. Mesmo após o resultado na CAS, a Reforma Trabalhista seguirá normalmente para a CCJ, onde o relator será o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR) e, depois, vai a plenário.
A oposição comemorou muito a rejeição. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) destacou o resultado e escreveu no Twitter que “a luta dos trabalhadores e do povo continua”. O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que o presidente Temer “perdeu sua base”.
De Moscou, na Rússia, o presidente Michel Temer demonstrou confiança de que pode reverter o quadro de ontem. Segundo ele, a vitória no plenário do Senado é “certíssima”. “O que importa é o plenário”, reiterou, reafirmando que não haverá derrota na votação final da reforma.