Caminhoneiros: Petroleiros se juntam ao protesto com ações contra preço dos combustíveis
Entre as iniciativas do grupo estão doações e venda subsidiada de botijões de gás, distribuição de cestas básicas e descontos para compra de gasolina e diesel
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos decidiram apoiar a paralisação dos caminhoneiros convocada para esta segunda-feira, 1º de fevereiro, realizando ações de denúncia, nos Estados em que tem representação, em relação aos preços dos combustíveis reajustados pela Petrobras. Até o momento, não houve registro relevante de mobilização de caminhoneiros nas estradas.
"Ao longo do dia, haverá protestos em diversos Estados do País, com doações e venda subsidiada de botijões de gás, distribuição de cestas básicas, descontos para compra de gasolina e diesel, campanhas de conscientização sobre os impactos sociais do desmonte do Sistema Petrobras", informa a FUP em nota.
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Na Bahia, por exemplo, 200 botijões de gás de cozinha (Gás Natural Liquefeito 13 quilos) serão vendidos a R$ 40,00, metade do preço cobrado na região. Além de botijões a preço reduzido em outros Estados, serão distribuídas cestas básicas e máscaras contra a covid-19.
Também aderiram ao protesto os sindicatos Amazonas, Ceará/Piauí, Pernambuco/Paraíba, Espírito Santo, Rio de Janeiro (Duque de Caxias), Norte Fluminense, Minas Gerais, São Paulo, Paraná/Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "O protesto pretende mostrar solidariedade às comunidades que mais sofrem com o preço dos combustíveis e as altas taxas de desemprego", informou a Federação.
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De acordo com os petroleiros, a política de preços da Petrobras, de acompanhar a paridade com o mercado internacional, foi o principal motivador da greve dos caminhoneiros em 2018 e também da paralisação convocada para esta segunda-feira, ainda sem reflexos relevantes nas estradas do País e que tem outras nove reivindicações, como preço do frete e melhor regulação do setor.
Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revela que entre julho de 2017 e janeiro de 2021, sob o comando dos governos Temer e Bolsonaro, a direção da estatal aumentou em 59,67% o preço da gasolina nas refinarias. O diesel sofreu reajustes de 42,64% e o GLP (gás de cozinha) subiu 130,79%. Já o preço do barril do petróleo acumulou reajustes de 15,40% neste mesmo período e a inflação medida pelo INPC (IBGE) ficou em 15,02%.
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"Por conta dessa política, estamos sofrendo com aumentos descontrolados dos derivados de petróleo, o que inviabiliza setores estratégicos da economia, além de afetar massivamente a população", alerta o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.
A Petrobras rebate a tese de que o diesel esteja caro no Brasil, afirmando que no início de janeiro, o preço do diesel na bomba era 27,4% inferior à média mundial. Entre 165 países, 121 tinham preço nos postos mais alto do que no Brasil. De acordo com a estatal, em 2020 o preço do diesel caiu 14% nas refinarias.
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Importadores de combustíveis também reclamam que a estatal aplica preços abaixo da paridade internacional, o que impede a importação de produtos, e com isso a concorrência de preços no mercado. Eles foram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a Petrobras, mas ainda não tiveram resposta do órgão.
Em recente declaração, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que o diesel da Petrobras não é caro nem barato, e que "grupos de pressão têm recorrido a políticos para pressionar o governo federal a interferir nos preços dos combustíveis", disse o executivo sem citar nomes.
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Castello Branco argumentou que frota tem idade média de 20,5 anos. "São caminhões antigos, altamente consumidores de diesel, que fazem em média 2 km com 1 litro de diesel. O custo do diesel é muito mais alto para eles e o custo de manutenção, evidentemente, é mais alto. Então, é um problema de excesso de oferta (de caminhões). Não é um problema da Petrobras", alegou em evento da Credit Suisse na semana passada.