Aplicativo Meu Imposto de Renda permite consultas à base de informações da Receita - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Aplicativo Meu Imposto de Renda permite consultas à base de informações da ReceitaMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Por MARTHA IMENES
Entre as promessas de campanha não cumpridas do presidente Jair Bolsonaro, como não adotar o toma lá, dá cá, por exemplo, está a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. O dito na campanha de 2018 foi reafirmado este ano: em janeiro Bolsonaro disse que tentaria passar a renda livre do pagamento do imposto para R$ 3 mil mensais. Lembrando que a a faixa de isenção atual é para quem tem renda inferior a R$ 1.903,98 por mês, aponta estudo da Associação Nacional dos Auditores da Receita Fiscal (Unafisco) enviado ao jornal O DIA. A falta de correção da tabela do IR, que está defasada desde 1996 e acumula perda de 103,87%, faz com que 13 milhões de contribuintes sejam "abocanhados" pelo Leão. 
O estudo aponta ainda que se fosse cumprido o prometido, pelo menos na faixa de isenções, 4,3 milhões de contribuintes seriam beneficiados. O que representaria uma redução de R$ 73,87 bilhões na arrecadação do governo federal. Mas então de onde tirar recursos para cobrir essa "perda"?
Para o presidente da Unafisco, Mauro Silva, a isenção não é impossível de ocorrer, basta o governo cortar alguns privilégios tributários, como isenção de IR sobre lucros e dividendos, reduções de tributos a empresas do Simples e a igrejas e entidades filantrópicas. Juntas essas isenções somaram mais de R$ 400 bilhões no ano passado.
"Temos de onde tirar se cortarmos privilégios tributários, mas é preciso que saiba o quanto custa e que terão que enfrentar esses privilégios. Tem que tirar do lugar certo", afirma Mauro Silva, da Unafisco.
 
DEFASAGEM
O estudo aponta ainda que a defasagem da tabela tende a aumentar no próximo ano, indo a 113%. Para Mauro Silva, ao não corrigir a tabela do Imposto de Renda pelo menos nos anos em que está no governo, Bolsonaro descumpre outra promessa de campanha: a de não aumentar a carga tributária. "O não reajuste da tabela representa um aumento de imposto. Esse dogma do ideário liberal não está sendo respeitado ano após ano", adverte.
Pelos cálculos da associação, segundo o Estadão, para ficar no "zero a zero" nos dois primeiros anos de seu governo, Bolsonaro teria que reajustar a tabela em 13,1%. Sem isso, acabará tendo um acréscimo de arrecadação de R$ 23,2 bilhões no período, e há um crescimento na carga tributária em 0,34 ponto percentual neste ano.
Silva defende que o governo apresente um plano para corrigir, aos poucos, a tabela do Imposto de Renda, para tirar esse ônus das costas do contribuinte pessoa física. "Sabemos que R$ 112 bilhões representam um esforço fiscal muito grande e localizado para um só assunto, principalmente em uma época em que os custos da pandemia ultrapassam R$ 1 trilhão. Mas é necessário começar a fazer algo", afirma.
O presidente da Unafisco sugere que o governo corrija, a cada ano, a inflação dos últimos 12 meses e de mais um ano que ficou para trás e que, concomitantemente, vá reduzindo benefícios tributários. "Isso representaria um custo anual de R$ 7 a R$ 8 bilhões. Se fizesse um plano de recuperar a perda gradualmente, daria para ser absorvido e cortar benefícios suavemente", completa.
 
Promessas não cumpridas
Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair BolsonaroAgência Brasil
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É importante lembrar que desde a campanha, Bolsonaro, em um aceno à classe média, prometia ampliar a isenção do tributo. Na época, o compromisso era que passar o limite para cinco salários mínimos (hoje, seria o equivalente a R$ 5,5 mil). Mas agora são R$ 3 mil.
"Vamos tentar pelo menos para 2022 passar para R$ 3 mil. Está hoje em dia mais ou menos R$ 2 mil, nós gostaríamos de passar para R$ 5 (mil). Não ia ser de uma vez toda, mas daria até o final do nosso mandato para fazer isso aí. Não conseguimos por causa da pandemia", disse o presidente, em transmissão em suas redes sociais no dia 14 de janeiro.
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Outras promessas também não foram cumpridas. Em outubro de 2018, Bolsonaro publicou em seu Facebook: "Nós temos tudo para ganhar no primeiro turno e ganharíamos três semanas para montar um ministério enxuto, com no máximo 15 ministros, que possa representar os interesses da população, não de partidos". A promessa não foi cumprida. Em 1º de janeiro de 2019, Bolsonaro deu posse a 22 ministros. Em junho de 2020, para atender a um pedido do Centrão, recriou o Ministério das Comunicações e nomeou o deputado Fábio Faria (PSD-RN), chegando a 23 pastas.
Na ocasião, afirmou sobre a promessa: "Algumas coisas nós exageramos, né. Num país continental como esse, a gente queria 15 ministérios. Montamos um número, depois chegou a 22. E o ministério em si não tem muita despesa a mais sendo criado ou não mais um ministério. Não é por aí".
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No mesmo mês de 2018, o então candidato disse em entrevista ao Jornal Nacional que pretendia reunir o parlamento e juntos criarem uma nova Reforma Política. "Pretendo acabar com o instituto da reeleição. No caso, começa comigo se eu for eleito. E diminuir um pouco em 15, 20% a quantidade de parlamentares".
Mas... Em junho do ano passado, Bolsonaro acenou para a possibilidade de tentar um segundo mandato consecutivo. "Se tiver uma boa Reforma Política, eu posso até nesse caldeirão jogar fora a possibilidade de reeleição. Agora, se não tiver uma boa reforma e se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos".
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A criação de uma renda mínima para a população vulnerável também foi outra promessa não cumprida. "Acima do valor do Bolsa Família, pretendemos instituir uma renda mínima para todas as famílias brasileiras. (…) Nossa meta é garantir, a cada brasileiro, uma renda igual ou superior ao que é atualmente pago pelo Bolsa Família".
Bolsonaro assinou compromisso em "elaborar um sistema nacional de promoção e de defesa de direitos da pessoa com deficiência, assegurando a criação e o fomento de um Fundo Nacional da Pessoa com Deficiência, nos mesmos moldes dos fundos nacional da Criança e Adolescente e do Idoso".
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O fundo sequer foi criado. Um projeto com esse objetivo foi arquivado no fim da última legislatura no Senado. Outro projeto foi apresentado em 2019 pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Em dezembro em 2019, o projeto foi aprovado pela Comissão de Direitos Humanos. Desde então, está parado na Comissão de Assuntos Econômicos.
Mais um ponto foi a desoneração da folha de pagamento. "A ideia da nossa equipe econômica é desonerar a folha de pagamento e diminuir a carga tributária também, porque ninguém aguenta mais pagar impostos. Quando fala em desoneração fiscal, muitas vezes você tem que dar, porque senão o cara vai quebrar. A ideia é diminuir a carga tributária de forma abrangente, e não apenas para um setor da sociedade".
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Mas não houve desoneração no primeiro nem no segundo ano de governo. O ministro Paulo Guedes insiste na criação de um imposto como a antiga CPMF como contrapartida para a desoneração. Mas a proposta ainda não foi apresentada.
Não aumentar impostos foi um dos carros-chefes de Bolsonaro. "Não vai ter aumento de imposto, não vai ter CPMF, não terá nada disso", disse Bolsonaro durante a campanha.
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Só que com a aprovação da Reforma da Previdência, houve um aumento, em março de 2020, de alíquotas do INSS para algumas categorias e Bolsonaro não cumpriu mais essa promessa.
Última correção foi em 2015
Em 2015, o então ministro Joaquim Levy já argumentava sobre a perda de arrecadação
Em 2015, o então ministro Joaquim Levy já argumentava sobre a perda de arrecadaçãoLeco Viana/Parceiro/Agência O Dia
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A última correção na tabela do Imposto de Renda foi feita no governo de Dilma Rousseff em julho de 2015, quando passaram a ficar isentos os contribuintes que ganham até R$ 1.903,98. Naquela época era equivalente a 11,49 milhões de pessoas.

O reajuste de 6,5% na tabela há 6 anos passou a valer apenas para as duas primeiras faixas de renda (limite de isenção e a segunda faixa). Na terceira faixa de renda, o reajuste foi de 5,5%. Na quarta e na quinta faixas de renda – para quem recebia salários maiores – a tabela do IR foi reajustada, respectivamente, em 5% e 4,5%. 
Já naquele ano, o governo justificava que um reajuste maior na tabela do IRPF implicaria em uma renúncia fiscal maior para o governo, ou seja, menos recursos nos cofres públicos. O reajuste para toda a tabela de 6,5% implicaria em perdas de R$ 7 bilhões em 2015, informou o então ministro Joaquim Levy.
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Prazo para declarar retenção na fonte é dia 26
Domésticas devem fazer a declaração de imposto retido na fonte até dia 26
Domésticas devem fazer a declaração de imposto retido na fonte até dia 26Arquivo Agência Brasil
O período de entrega do Imposto de Renda Pessoa Física está chegando e muitos empregadores domésticos devem se atentar à necessidade de entregar a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte a seus empregados domésticos que tiveram rendimentos sujeitos à retenção de Imposto de Renda.

Esse documento deve ser entregue até o dia 26 de fevereiro, às 23h59min59s e, caso esse prazo não seja cumprido, será cobrado multa pelo atraso. Para emissão desse documento o empregador deve acessar: https://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/declaracoes-e-demonstrativos/dirf-declaracao-do-imposto-de-renda-retido-na-fonte/tabelas-pgds/programa-gerador-da-declaracao-dirf-2021, ou procurar uma empresa especializada.

"Falta muito conhecimento das pessoas desse tema, assim, é fundamental que a pessoa que contratou trabalhador doméstico faça uma análise para saber se há o enquadramento nessa obrigatoriedade", explica Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Consultoria Contábil.

Ele explica que para saber é preciso enviar esse documento se deve verificar se houve o desconto do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) no pagamento de salário, férias, 13º salário ou rescisão do empregado doméstico, pelo menos uma vez, durante o ano-base de 2020. Se houver o desconto, é preciso entregar a declaração. Além disso, se o empregado recebeu vencimentos a partir de R$ 28.559,70 durante o este período, também é preciso declarar.
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No documento devem constar as informações das referidas retenções, para que assim os empregados possam entregar suas declarações. O valor desta multa é de 2% sobre o montante dos tributos e das contribuições informadas, limitadas a 20%.

"É muito importante que as pessoas físicas tenham grande cuidado na hora de enviar essas informações, pois, é a partir delas que são feitos diversos cruzamentos de informações pela Receita Federal, principalmente com o Imposto de Renda Pessoa Física, podendo assim ocasionar problemas para empregador e para os funcionários - que podem cair na malha fina por causa de informações desencontradas", explica Richard Domingos.
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