Mercado de trabalho segue deteriorado, mas há perspectiva de recuperação em 2021, aponta levantamentoIMAGEM ARQUIVO
A recuperação da ocupação vem ocorrendo de maneira mais intensa nos segmentos informais do mercado de trabalho, ou seja, entre os empregados sem carteira e os trabalhadores por conta própria. O contingente de trabalhadores sem carteira e por conta própria registraram recuos menos expressivos no primeiro trimestre de 2021 (retrações de 12,1% e 1,3%) do que no trimestre móvel encerrado em agosto de 2020 (recuos de 25,8% e 11,6%).
A análise mostra que, no primeiro trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020, a taxa de desocupação segue maior para o sexo feminino (17,9%) do que para o sexo masculino (12,2%). Os mais jovens seguem como os mais prejudicados, com taxa de desocupação de 31,0%; enquanto o desemprego dos mais idosos é menor (5,7%).
Os trabalhadores com ensino médio incompleto e completo foram os mais impactos pela pandemia no que se refere às taxas de desocupação, que avançaram de 20,4% e 14,4% para 24,4% e 17,2%, entre 2020 e 2021, respectivamente. Em contrapartida, os trabalhadores que registram a menor taxa de desemprego, no período, foram os que possuem ensino superior (10,4%).
No recorte regional, a alta do desemprego é generalizada. Com exceção de Roraima e Amapá, todas as demais unidades da federação registraram aumento da desocupação este ano. As maiores taxas de desocupação foram registradas em Pernambuco (21,3%), Bahia (21,3%), Sergipe (20,9%), Alagoas (20%) e Rio de Janeiro (19,4%).
Na análise do emprego setorial, todos os segmentos apresentaram taxa de variação interanuais negativas para o primeiro trimestre de 2021, com exceção das categorias ‘Agricultura’ e ‘Saúde e Educação’, que tiveram alta de 4,0% e 0,7%, respectivamente, neste período. O setor de serviços segue com a queda mais intensa, particularmente nas categorias ‘Alojamento e Alimentação’ (26,1%), ‘Serviços Pessoais’ (18,5%) e ‘Serviços Domésticos’ (17,3%). Em contrapartida alguns setores estão reduzindo suas taxas de retração da ocupação, como os setores da indústria de transformação, construção, comércio, transporte, bem como dos serviços de informação, comunicação e atividades financeiras e imobiliárias.
A análise tem como base o cruzamento de diversos dados da Pnad Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia.
Os pesquisadores do Ipea identificaram um panorama mais favorável para o emprego formal retratado pelo Novo Caged do que pela Pnad Contínua. Uma das diferenças mais contrastantes está na ‘Construção Civil’, que apresentou expansão de 12,5% para os vínculos com carteira no Novo Caged e uma retração de 7,3% de acordo com a Pnad Contínua. Além das significativas diferenças metodológicas entre as duas fontes de dados, os pesquisadores mencionam que parte dessas diferenças podem ser atribuídas às mudanças nas entrevistas da Pnad, que passaram a ser feitas por telefone e não mais por visitas aos domicílios.
O cenário é favorável para 2021, de acordo com a economista Maria Andreia Lameiras, uma das autoras do estudo. "Para os próximos meses, a expectativa é que o movimento de recomposição da força de trabalho se intensifique. O avanço da vacinação combinado à retomada mais forte da atividade econômica deve ampliar a geração de empregos", examinou. Contudo, a especialista considerou que a expansão da ocupação não será suficientemente forte para reduzir a taxa de desemprego no período devido ao esperado aumento da força de trabalho (com mais pessoas procurando emprego).
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