A partir de julho, a cobrança extra passará de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidosImagem Internet

Por Letícia Moura
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, nesta terça-feira, 29, o reajuste na bandeira tarifária vermelha patamar 2, maior nível do sistema. A partir de julho, a cobrança extra passará de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos - aumento de 52%. Na prática, significa que as contas de luz ficarão ainda mais caras aos brasileiros. De acordo com o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a correção deve encarecer as faturas de 5% a 10%, a depender da região e do consumo.
Na última sexta-feira, 25, a agência anunciou que a bandeira do próximo mês será vermelha patamar 2, assim como aconteceu em junho. Isso ocorre porque o Brasil vive a maior crise hídrica dos últimos 91 anos, devido à falta de chuvas que provoca o desabastecimento de reservatórios para produção de energia elétrica. Sendo assim, os consumidores também arcam com as despesas causadas pelas usinas termelétricas, acionadas para suprir as hidrelétricas, que estão com níveis baixos nos reservatórios. 
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"Em junho, as afluências nas principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN) estiveram entre as mais críticas do histórico. Julho inicia-se com mesma perspectiva hidrológica desfavorável, com os principais reservatórios do SIN em níveis consideravelmente baixos para essa época do ano, o que sinaliza horizonte com reduzida capacidade de produção hidrelétrica e elevada necessidade de acionamento de recursos termelétricos", esclareceu a Aneel em comunicado.
"Essa conjuntura pressiona os custos relacionados ao risco hidrológico (GSF) e o preço da energia no mercado de curto de prazo (PLD), levando à necessidade de acionamento do patamar 2 da bandeira vermelha. O PLD e o GSF são as duas variáveis que determinam a cor da bandeira a ser acionada", explicou a agência.
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Devido ao período de seca severo e ao retorno das chuvas apenas no início de outubro, Tatiana Nogueira, economista da XP, acredita que a bandeira vermelha patamar 2 deve continuar acionada até o fim deste ano. "A bandeira vermelha deve diminuir gradativamente ao longo de 2022. No nosso cenário, ela encerrará o próximo ano no nível amarelo", estima.
Como economizar
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Para atenuar o impacto no bolso, o especialista em finanças e planejador financeiro Felipe Nogueira, da Impacto Consultoria Financeira, indica que o consumidor deve adotar medidas para poupar energia, como diminuir o tempo em chuveiros elétricos. Segundo ele, máquinas de lavar ou aparelhos que consomem mais energia devem ser utilizados com maior responsabilidade. 
O planejador financeiro Marlon Glaciano pontua algumas ações que podem agravar o custo de energia: "Aparelhos eletrônicos em stand-by, lâmpadas acesas desnecessariamente, ventiladores ligados em cômodos vazios e muitos outros itens de comportamento", indica, acrescentando que as mudanças em hábitos no dia a dia são necessárias para economizar. 
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Na avaliação de Felipe, em função da crise hídrica, o valor da conta de luz continuará elevado nos próximos meses, sendo necessária, "possivelmente, restrições em algumas regiões do país", aponta. "O cenário é de alerta máximo durante esse período, o governo federal criou um comitê especial para cuidar do assunto e, nos próximos dias, conseguiremos ver quais são as medidas criadas e qual é o cenário realista da situação", explica o especialista.