Reajuste de 52% na bandeira tarifária da conta de luz pode impactar nos preços de alimentosTânia Rêgo/Agência Brasil

Por Letícia Moura
Rio - Com o reajuste de 52% na bandeira tarifária vermelha patamar 2, aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nesta terça-feira, 29, os consumidores também podem ser impactados pela alta nos preços dos alimentos. Vale lembrar que, a partir de julho, a cobrança extra na conta de luz passará de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos, o que encarece ainda mais a fatura. 
"O reajuste na bandeira tarifária afetará diretamente os consumidores com uma conta de luz mais elevada, além de outros setores como a agropecuária, indústria e o próprio varejo. Vale lembrar que a energia elétrica representa um componente de custo significativo em atividades como supermercado, padaria e salão de cabeleireiro", explica Tiago Sayão, economista e professor do Ibmec.
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Ele aponta, ainda, que os efeitos da correção são cumulativos porque, "ao afetar o custo da produção dos setores impactados, os aumentos são repassados para os preços dos bens/serviços finais adquiridos pelos consumidores. Ou seja, além de pagar uma conta de energia elétrica mais elevada, eles também enfrentarão preços mais elevados na cesta de consumo", afirma Sayão.
Segundo o professor, a energia elétrica representava 4,60% no cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em janeiro passado, sendo que, no mês de maio, esse valor ficou em 4,24%. "Possivelmente, além dos efeitos da correção da bandeira tarifária, outros itens como alimentos e bebidas também sofrerão reajustes", alerta.
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Quanto o consumidor vai pagar pela conta de luz?
De acordo com uma estimativa feita pelo economista, no Município do Rio, o consumidor que usa 100 kWh por mês, hoje, paga R$ 88,27 na fatura. Com o novo aumento, o valor será de R$ 97,76, ou seja, acréscimo de R$ 9,49. Já quem consumir 400 kWh por mês, terá uma despesa de R$ 467,52 devido ao reajuste, diferença de R$ 37,97 para o valor atual (R$ 429,55). 
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Entenda o cenário
O Brasil vive a maior crise hídrica dos últimos 91 anos, em razão da falta de chuvas que provocou o desabastecimento de reservatórios para produção de energia elétrica. Sendo assim, os consumidores também arcam com as despesas causadas pelas usinas termelétricas, acionadas para suprir as hidrelétricas, que estão com níveis baixos nos reservatórios.
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Professor dos cursos de Administração e Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera Niterói, Edmundo Lopes Júnior esclarece que o aumento na conta de luz também acontece para desestimular o consumo de energia. O especialista comenta que o país já adotou esta alternativa em outros momentos, "para que os consumidores passassem a fazer o controle dos gastos de energia, buscando minimizar os efeitos da crise hídrica".