Presidente do Banco Central, Roberto Campos NetoJosé Cruz/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta terça-feira que o mercado tem relacionado as propostas do governo a uma vontade de se criar um programa social mais robusto. Ele argumentou, porém, que os dados fiscais estão melhores do que se projetava para o momento.
"Existe um pano de fundo fiscal que é inegavelmente melhor, com uma relação dívida/PIB e um déficit primário menores do que se esperava - e grande parte disso não causado pela inflação. Por outro lado, também reconheço que houve um ruído de curto prazo", afirmou ele, em participação no evento Expert XP 2021.
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Campos Neto repetiu que o mercado tem uma "sensibilidade" em tempo real às notícias relacionadas a essas medidas do governo.
"E vimos hoje o efeito no mercado do discurso de compromisso fiscal do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Eu tento chamar atenção do mercado para olhar além do ruído, e sim para esse pano de fundo melhor do fiscal", completou o presidente do BC.
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Ele citou ainda a perspectiva de que o déficit primário de 2022 fique próximo de 0,5% do PIB. "Os números de fato estão melhores do que o mercado toma como verdade. De fato há uma melhora fiscal associada a uma inflação maior, mas há também componentes que não estão associados a isso", completou.
Normalização de juros
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O presidente do Banco Central repetiu também que o BC segue atento a como a normalização de juros nas economias centrais vai impactar em mercados emergentes. "Há uma dicotomia se essa normalização será feita com um crescimento mais forte e mais saudável, ou se haverá a percepção de que os bancos centrais de países de avançados estão atrás da curva. Nesse caso, viria uma alta de juros muito mais prejudicial aos emergentes. Achamos que esse não é o cenário base, mas estamos muito atentos", afirmou.