Frentistas alegam que bombas de autosserviço colocariam em risco 500 mil empregosReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Uma emenda parlamentar em tramitação tem sido motivo de preocupação para frentistas de todo brasil, que temem fazer parte da estatística do desemprego que assola 14,8 milhões de brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A proposta em questão é do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) que incluiu uma emenda à MP 1.063, visando revogar a Lei 9.956/2000, que proíbe a instalação de bombas de autosserviço, também conhecidas como self-service, nos postos de abastecimento de combustíveis.
Diante desse cenário, meio milhão de frentistas aguardam a votação da MP no Congresso Nacional com sentimento de incerteza. O texto ainda será analisado por uma comissão e, em seguida, votado pela Câmara dos Deputados, antes de retornar ao Senado. O prazo para definição é até o dia 10 de outubro, mas no próximo dia 26 a medida já entra em regime de urgência na casa.
"Essa é uma ameaça recorrente aos trabalhadores. Em abril afastamos a ameaça do PL nº 2.302/2019 e agora temos que lutar contra a leviana emenda do deputado paulista. É preciso que a população saiba que os salários refletem apenas 2% na composição dos preços dos combustíveis. O que realmente encarece os valores é o transporte, a carga tributária e a movimentação internacional. O argumento de que os combustíveis ficarão mais baratos sem os frentistas é um absurdo, mais uma fake news", afirmou o presidente do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado do Rio de Janeiro, Niterói e Região (Sinpospetro), Alex Silva.
"O aumento desenfreado dos preços no Brasil é criminoso e reflete o desmando político e econômico que vivemos. Sabemos que extinguir toda uma categoria, além de aumentar o desemprego, a miséria e a fome, não resultará em baixa nas bombas. Essa economia suja não será repassada ao consumidor, mas aumentará o lucro dos empresários. Seguiremos lutando contra mais este desmando falacioso", acrescentou.

Além da ameaça econômica aos trabalhadores, a aprovação da emenda pode representar um risco também para os consumidores, conforme reforçou Alex: "Engana-se quem acredita que a extinção dos frentistas se limita apenas ao abastecimento. Os postos de combustíveis funcionam como referência e é o frentista quem está ali para dar informações sobre a cidade. Os profissionais também são capacitados para enfrentar os riscos de intoxicação pelo benzeno, que ocorre no momento do abastecimento e também situações de incêndios".
Atualmente, as empresas do ramo são obrigadas a qualificar seus funcionários. A determinação consta na Norma Regulamentadora 20 do Ministério do Trabalho, que trata de segurança e saúde nos postos de combustíveis. A segurança nos postos foi incluída na NR 20 em março de 2012, após a conclusão de vários estudos sobre o assunto. Os serviços prestados pelos frentistas contribuem, ainda, para a manutenção dos veículos com a verificação de água e óleo, e na calibragem dos pneus.
Anteriormente, o parlamentar afirmou em sua rede social que "as bombas de autoatendimento não geram desemprego. Elas vão baixar o preço da gasolina e aquecer a economia, criando mais empregos em ramos diferentes. Além disso, a bomba "self-service" vai gerar trabalhos novos, com melhores condições e com salários maiores". 
Questionada, a assessoria de comunicação do deputado não retornou.