Com o agravamento da crise hídrica no país, o Ministério de Minas e Energia (MME) vai reavaliar o retorno do horário de verão. A medida de extinção foi adotada no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Entretanto, a pasta mantém o posicionamento de que adiantar os relógios em uma hora traz pouca contribuição para a economia de energia, mas solicitou que o Operador Nacional do Sistema (ONS) reveja a medida diante da atual conjuntura enfrentada pelo Brasil.
À época, o presidente assinou o decreto baseado em recomendação do ministério, que apontou pouca efetividade na economia energética, e estudos da área da saúde, sobre o quanto o horário de verão afeta o relógio biológico das pessoas.
“As conclusões foram coincidentes. O horário de pico hoje é às 15 horas e [o horário de verão] não economizava mais energia. Na saúde, mesmo sendo só uma hora, mexia com o relógio biológico das pessoas”, disse.
Em nota, a pasta de Minas e Energia afirmou que tem estudado iniciativas que visam o deslocamento do consumo de energia elétrica dos horários de maior consumo para os de menor, de forma a otimizar o uso dos recursos energéticos disponíveis no Sistema Interligado Nacional (SIN).
"Neste sentido, a contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno. Assim, no momento, o MME não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda", afirmam os representantes do ministério.
Recentemente, o MME solicitou ao ONS que reexaminasse a questão à luz da atual conjuntura de escassez hídrica, considerando os estudos já realizados.
O pedido de reavaliação vem depois de entidades do setor de turismo e de restaurantes enviarem um documento ao Bolsonaro pedindo a volta do horário de verão ainda neste ano. No documento, os empresários argumenta que o adiantamento em uma hora nos relógios traz um impacto positivo nos negócios, já que tem mais 60 minutos para atrair clientes, mesmo sem o grande impacto no consumo de energia, em um período que o comércio enfrenta ainda dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus.
O horário de verão foi criado em 1931 e aplicado no país em anos irregulares até 1968, quando foi revogado. A partir de 1985, foi novamente instituído e vinha sendo aplicado todos os anos, sem interrupção. Normalmente, o horário de verão começava entre os meses de outubro e novembro e ia até fevereiro do ano subsequente, quando os relógios deveriam ser adiantados em uma hora em parte do território nacional.
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