Em poucos minutos, a queda dos serviços entrou para o topo dos assuntos mais comentados do Twitter Reprodução
O problema foi detectado por volta de 12h30 desta segunda-feira, 4, e, em poucos minutos, o tema entrou para o topo dos assuntos mais comentados do Twitter. Entre empreendedores, a preocupação foi grande, já que o dia de trabalho não pôde continuar como o planejado.
A empreendedora Nayara Estrela, de 19 anos, mora em Bangu, na Zona Oeste, e trabalha na venda de cosméticos online. Por não ter loja física, a jovem conta que toda comunicação com os clientes acontece por WhatsApp e Instagram. Com a queda de plataformas nesta segunda, no entanto, as vendas não foram possíveis.
“Eu consigo lembrar as pessoas da minha loja através dos stories, faço posts diários. Ontem, eu não tive como fazer isso, então não teve venda”, conta.
Além da necessidade das plataformas para o contato, Nayara explica que todo o trabalho de marketing só é possível com uma rotina de divulgação diária, para que a entrega de conteúdo aos clientes não seja afetada pelo algoritmo das redes. Entretanto, com o tempo mais longo para o retorno das plataformas à normalidade, a dependência das big-techs para o funcionamento do negócio foi motivo de preocupação. Ao todo, foram cerca de seis horas fora de atividade.
"Geralmente, essas falhas que tem no Instagram ou no WhatsApp, rapidamente são resolvidas. Me fez refletir como todo o monopólio, todo o poder está na mão de uma pessoa (...) Bateu preocupação, porque eu dependo daquilo ali”, desabafa a jovem.
Delivery
Sócio da hamburgueria Fê Nê Mê, Jefferson Gomes tem 22 anos e é morador de Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada, onde também fica seu empreendimento. O jovem explica que, apesar de ter um espaço para pedidos na loja física, 90% de suas vendas acontecem de forma online. Com a instabilidade desta segunda-feira, a confusão foi grande.
“Ontem foi um desespero até para a gente se comunicar entre si. Assim que caíram as redes, a gente não sabia o que estava acontecendo, todo mundo achou que fosse problema de conexão própria (...) Eu tive que fazer uma conta no Twitter para poder mandar mensagem e conversar com o sócio para saber se valeria a pena abrir a nossa loja”, conta.
Apesar de trabalhar no ramo alimentício, o empreendedor explica que, especialmente na região onde mora, plataformas de delivery não recebem tanto acesso e, portanto, acabam ficando em segundo plano, o que reforçando a dependência de redes sociais.
“A gente utiliza o WhatsApp para poder fazer a comunicação direta com o cliente, fazer a nossa venda, mostrar o catálogo e conversar. Toda a parte de venda fazemos pelo WhatsApp. O Instagram é fundamental para podermos fazer o nosso marketing visual. No Facebook, com os grupos de venda aqui na nossa região, o pessoal sempre procura algo diferente para poder experimentar”, explica.
Base do negócio
Nathália Estrela, de 25 anos, é natural do Rio de Janeiro, mas atualmente mora em Canoas, no Rio Grande do Sul, trabalhando com confeitaria. Há um ano e meio no ramo, a jovem explica que é responsável por tudo dentro do negócio. “Sou eu quem produz os doces, vê estoque, divulga nas redes sociais. Também tenho contato direto com o cliente para pedidos/encomendas e separo os pedidos para as entregas. Enfim, tudo”, conta.
Para lidar com as tarefas, as redes sociais são a grande aliada de Nathália, que utiliza o WhatsApp e o Instagram como principais ferramentas para a venda, divulgação e contato com os clientes. E claro, com a paralisação dos aplicativos nesta segunda-feira, o dia de trabalho não saiu como esperado.
“Ontem o dia foi péssimo para as vendas. A maior procura de doces por aqui é pertinho do almoço até a janta, e foi exatamente o período em que houve instabilidade nas plataformas, então os produtos estagnaram”, desabafa.
A empreendedora também explica que, apesar dos problemas, usou o tempo longe das redes para planejar as próximas semanas e organizar o estoque de produção. No entanto, a preocupação foi grande e, no momento, vê a necessidade de pensar em outros mecanismos fora das redes sociais, para que seu negócio não pare novamente.
“Eu fiquei desesperada. Já houve instabilidade outras vezes, mas acho que não passou de duas horas. Ontem foi um dia atípico, então serviu também para que eu “ligasse” o meu pisca-alerta”, relata.
O que diz o Facebook?
Após seis horas fora do ar, as plataformas, aos poucos, voltaram à normalidade na noite desta segunda-feira, 4. Em nota, o Facebook lamentou o “incoveniente” causado pela interrupção dos serviços da plataforma.
“Nossas equipes de engenharia identificaram que alterações de configuração nos nossos roteadores centrais, que coordenam o tráfego de rede entre nossos data centers, causaram problemas que interromperam essa comunicação. Essa interrupção no tráfego de rede desencadeou um efeito cascata na maneira como nossos data centers se comunicam, interrompendo nossos serviços”, explica o comunicado.
A empresa não divulgou o que causou as alterações de configuração, ou se as mesmas foram planejadas.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo Facebook:
Nossas equipes de engenharia identificaram que alterações de configuração nos nossos roteadores centrais, que coordenam o tráfego de rede entre nossos data centers, causaram problemas que interromperam essa comunicação. Essa interrupção no tráfego de rede desencadeou um efeito cascata na maneira como nossos data centers se comunicam, interrompendo nossos serviços.
Agora, nossos serviços estão novamente online e estamos trabalhando ativamente para retornar totalmente às operações regulares. Queremos deixar claro que não houve atividade maliciosa por trás deste incidente – a causa raiz da interrupção foi uma falha na mudança de configuração. Também não temos evidências de que dados dos usuários tenham sido comprometidos como resultado desse tempo de inatividade.
Pessoas e negócios em todo o mundo confiam em nós todos os dias para se manter conectados. Entendemos o impacto que interrupções como essas têm na vida das pessoas e nossa responsabilidade de mantê-las informadas sobre isso. Pedimos desculpas a todos os que foram afetados e estamos trabalhando para entender mais sobre o que aconteceu hoje para que possamos continuar a tornar nossa infraestrutura mais resiliente.
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