Edifício-Sede do Banco Central em BrasíliaMarcello Casal Jr/Agência Brasil

A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, disse que a autoridade monetária trabalha para conter uma "segunda rodada" de inflação. "Nossa intenção é trazer a inflação para a meta em 2022. Faremos tudo o que pudermos para trazer a inflação para a meta ano que vem", afirmou.
Em evento virtual paralelo à Reunião Anual do Fundo Monetário Internacional, Guardado acrescentou que ainda há muitas incertezas relacionadas à pandemia, o que deixa o trabalho do Banco Central ainda mais desafiador.
"Nosso principal trabalho é manter a inflação controlada. Claro que haverá consequências para o crescimento, mas controlar inflação é importante para crescimento no longo prazo", completou.
Guardado disse que expectativas negativas estão impactando o câmbio no Brasil e na região e que o aumento dos juros tem efeito no câmbio. "A inflação está concentrada em alimentos e energia. Pressões inflacionárias são temporárias. Está demorando mais do que imaginávamos, mas não acho que será uma fonte permanente", ponderou.
A diretora disse ainda que a piora no cenário fiscal durante a pandemia é temporária e que as necessidades de gastos extras com a pandemia é menor à frente. Ela completou que as incertezas no cenário fiscal tiveram impacto nas expectativas de inflação. "Até agora o fiscal tem sido bem 'ok', receitas vindo acima do esperado", completou.
Guardado previu um aumento nos preços dos serviços com a reabertura da economia, mas disse que, com a taxa de desemprego alta, há uma margem para conter esse encarecimento. Ela ressaltou que os países têm saído da pandemia com um endividamento maior, o que pode ser um desafio adicional para o crescimento econômico. "Temos que focar nos fundamentos para enfrentar endividamento maior."
Questionada, a diretora admitiu que a desaceleração da China pode afetar as exportações brasileiras, mas disse que 2020 e 2021 até agora tem sido um bom ano.