Beneficiária do Auxilio Brasil, Mirna Duarte está desempregada e cria a filha de 12 anos sozinhaFábio Costa/Agência O Dia

Rio - Com a falta de informação e o medo de ficar sem o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, beneficiários enfrentam longas filas nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) à procura de explicações sobre o benefício. O novo programa começa a ser pago nesta quarta-feira, 17, para as pessoas com Número de Identificação Social (NIS) final 1. O calendário de transferências segue de forma escalonada até 30 deste mês para quem tem NIS final zero. 
Mãe solo de uma menina de 12 anos e desempregada, Mirna Duarte reclamou sobre a mudança do valor mensal do Auxílio Brasil que, segundo o governo federal, seria de R$ 400 para todos os beneficiários, o que ainda depende da aprovação da PEC dos Precatórios. "Eu achei uma pouca vergonha, porque eles falam uma coisa, e depois fazem outra. Falaram que, a partir do dia 17 de novembro, já ia estar na conta os R$ 400. E cadê o dinheiro?", questionou. 
Ela contou que recebia R$ 175 do Bolsa Família, mas passou a ganhar R$ 154 do Auxílio Brasil. "Que isso, é uma vergonha. É tirar onda com a cara do povo que precisa do dinheiro. Nós estamos precisando, porque estamos desempregados. Eu sempre recebi o Bolsa Família direitinho", relatou Mirna. A beneficiária acrescentou que está com várias contas para pagar, dependendo do benefício para garantir o sustento básico.
De acordo com o Ministério da Cidadania, o valor médio do novo programa social será reajustado em 17,84% já neste mês - aumento inferior aos 20% prometidos pelo governo ao anunciar o Auxílio Brasil no dia 20 de outubro. A correção vai elevar o valor médio do benefício de R$ 189 para R$ 217,18. O Executivo prevê que o pagamento dos R$ 400 apenas a partir de dezembro. 
Segundo a pasta, neste primeiro mês de funcionamento do programa serão contempladas mais de 14,5 milhões de famílias em um investimento superior a R$ 3,25 bilhões. As famílias beneficiadas em outubro pelo Bolsa Família, que mantinham a elegibilidade até o fim daquele mês, foram todas migradas, sem exigência de recadastramento.
Filas nos CRAS
A dona de casa Débora dos Santos, de 32 anos, chegou ao CRAS Germinal Domingues, no Rio Comprido, na  Zona Norte, às 7h30 desta quarta-feira em busca de informações sobre o programa. Ela disse que o sistema caiu logo depois. "A fila está parada, ninguém entra. A expectativa pelo atendimento é zero", reclamou, comentando também sobre a incerteza se receberá o novo auxílio.
Para reduzir as filas dos CRAS, o projeto Assistência em Movimento, que leva os serviços da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) para o público das regiões mais vulneráveis da cidade, está em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, nesta quarta-feira, 17, para realizar atendimentos do CadÚnico. O serviço, que começou às 9h e deve terminar às 17h, acontece no Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz (Rua do Império, 573).
Em nota, a secretaria informou que "lamenta profundamente que a desinformação por parte do governo federal sobre o Auxílio Brasil" tenha levado a população a fazer filas nos CRAS em busca de informações. Desde o fim do Bolsa Família, a procura por informações triplicou a frequência nos CRAS, que recebiam uma média de 70 pessoas por dia, e passaram a atender 200, de acordo com a pasta.
A SMAS disse, ainda, que, para dar conta dessa demanda, as equipes foram reforçadas com a realocação de funcionários de outros setores. "A partir desta semana os CRAS passaram a abrir 6h45, e foram destacadas equipes volantes para apoiar as unidades com demanda alta".
A partir desta quarta-feira, a secretaria também começa um mutirão de contatos telefônicos com as pessoas com agendamentos marcados. "Com o reforço nas equipes, essas pessoas serão chamadas para adiantarem as inscrições ou realizarem atualizações no cadastro", acrescentou em comunicado.
Com base em informações de governo federal de outubro, no Rio há 610.889 famílias inscritas no CadÚnico, das quais 303.875 estão com dados desatualizados; destas, 303.654 famílias tinham direito ao Bolsa Família, mas 156.629 estavam com os dados desatualizados, ainda conforme a secretaria de Assistência Social.
Segundo a pasta, os que recebiam o auxílio emergencial somam cerca de 1,5 milhão de pessoas na cidade (número é estimado porque até hoje o governo não divulgou o dado oficial). "A partir de maio, o governo federal parou de adicionar à folha de pagamento as famílias que se cadastravam e tinham direito ao benefício: até outubro foram cadastradas 41.796 novas famílias", finalizou em nota.
Confira o calendário de pagamentos:
NIS final 1 - 17 de novembro
NIS final 2 - 18 de novembro
NIS final 3 - 19 de novembro
NIS final 4 - 22 de novembro
NIS final 5 - 23 de novembro
NIS final 6 - 24 de novembro
NIS final 7 - 25 de novembro
NIS final 8 - 26 de novembro
NIS final 9 - 29 de novembro
NIS final 0 - 30 de novembro