Presidente da Caixa imitou gesto de Bolsonaro e colocou funcionários do banco para fazer flexões Reprodução
Sindicato dos bancários denuncia presidente da Caixa após funcionários pagarem flexões em evento
Presidente da entidade afirmou que o banco tem uma 'cultura autoritária' baseada em 'assédio moral e constrangimento'
São Paulo - O sindicato dos Bancários de São Paulo, junto com outras entidades, entrou com uma denúncia contra o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, no Ministério Público do Trabalho. Isso porque, ele colocou funcionários do banco para fazer flexões durante um evento de fim de ano realizado em Atibaia, no interior de São Paulo, na última terça-feira, 14.
A atitude foi incluída em uma ação contra o presidente da Caixa que já estava sendo analisada pelas entidades. Segundo o sindicato, "serão elencados todos os relatos de assédio moral que estão sendo praticados institucionalmente na Caixa como, por exemplo, o assédio aos empregados para venda de ações da Caixa Seguridade. Os episódios inaceitáveis ocorridos no Nação Caixa serão incluídos na denúncia".
O diretor do Sindicato e empregado da Caixa, Dionísio Reis, afirmou que o episódio é só mais uma consequência de uma "gestão pelo medo", que é estabelecida nos bastidores do banco:
"Hoje, com a gestão pelo medo praticada pela direção da Caixa, o receio de perder a função é tão grande entre os empregados que eles não se lembram destas garantias conquistadas com muita luta. Acreditam que a chefia pode descomissionar imotivadamente, o que não é verdade. Nós derrotamos o descomissionamento sumário, imotivado. Não devemos baixar a cabeça para os abusos. Os empregados podem e devem contar com as garantias conquistadas e com a força das nossas entidades representativas na sua defesa".
"Essa é a ‘cultura institucional’ que Pedro Guimarães quer para a Caixa e seus empregados. Uma ‘cultura’ autoritária, baseada no assédio moral, no constrangimento, na humilhação. Um empregado com alto cargo, submetido a este constrangimento, passa a entender que este é o método de gestão que a chefia espera que ele aplique aos seus subordinados. E, dessa forma, a gestão pelo medo vai se alastrando por todos os níveis hierárquicos", acrescentou.
Na ocasião, cerca de dez pessoas, entre diretores e vice-presidentes do banco, foram flagrados fazendo dez flexões sob contagem regressiva feita pelo Guimarães. O evento contou, ainda, com uma palestra do coronel da reserva e assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Adriano de Souza Azevedo, reforçando a tônica militar presente em outros momentos do Nação Caixa. A cena das flexões foi repetida também por boa parte dos gestores na platéia e já foi realizada também pelo presidente Jair Bolsonaro em algumas ocasiões.
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