CaféDivulgação

A tradicional bebida ingerida pelos brasileiros sofreu um aumento nos últimos meses. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, o preço do café moído teve uma alta de 7% nas prateleiras do supermercado em novembro, na comparação com o mês anterior. Em um ano, o acréscimo foi de 42%. Por essa razão, a bebida teve uma queda no consumo de 14%. 
Pelo menos três fatores causaram o aumento da bebida, como a seca, saca e o dólar. Nos três últimos anos, a safra já vinha tendo dificuldades por causa da falta de chuvas e também da doença do café.
A saca do café cru sofreu aumento de 130%, o que representa 70% do custo de produção para as indústrias do cafezinho que chega às mesas. Assim, o preço do café atingiu o maior valor em 25 anos e chegando a R$ 843 mais caro no final de 2021 se comparado com o mesmo mês de 2020. 
De acordo com Marco Quintarelli, consultor e especialista em varejo, com a pandemia do coronavírus, a situação piorou, pois houve um momento de demanda e, em seguida, uma queda na produção após a alta da bebida. "Nesse último ano, a queda foi muito pior, tendo categoria de café que houve acréscimo de 100%, com média de 65%", explica ele. 
Ele avalia que a demanda aumentou porque as pessoas ficaram mais tempo em casa e passaram a consumir mais. "Mas, depois, devido ao aumento do preço, houve uma queda de 16% nos últimos meses. Isso influenciou muito no impacto do valor da bebida", diz o especialista. 
Como os consumidores perceberam que o preço do produto nas prateleiras subiu, o aumento impactou diretamente no consumo interno. Nos últimos 30 dias (referente a novembro) chegou, aproximadamente, a 14% a queda no consumo. 
Expectativa nos próximos meses
Embora o momento seja de incertezas, é difícil fazer previsões concretas para os próximos meses. Porém, há uma expectativa de melhoria de produção a partir de abril. 

"O brasileiro adora café, uma bebida social, saudável e bem utilizada. Está na mesa da maioria da população e tem crescido a demanda. Porém, as pessoas diminuíram pelo aumento do preço", explica Quintarelli.

Celírio Inácio, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), disse que somente, a partir da colheita da próxima safra, os cenários poderão ser traçados de maneira mais confiável. “Continuaremos monitorando os cafés para que a mesma qualidade siga chegando à mesa dos brasileiros. Estamos, também, lado a lado com os industriais, garantindo que a produção mantenha o seu curso normal”, pontua.
Além do café, ele lembra que tudo influenciado pela variação cambial houve aumento nos últimos meses, entre os principais os grãos, além dos produtos importados. "O dólar é o principal vilão no aumento dos produtos nas prateleiras dos supermercados e demais lojas", finaliza Quintarelli.