Cartão de crédito tem uma das taxas mais elevadas oferecidasMarcello Casal Jr / Agência Brasil

Rio - As taxas de juros das principais linhas de crédito, como cheque especial e cartão de crédito, no país voltaram subir no último mês de 2021. De acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), a taxa de juros média é a maior desde dezembro de 2019. A taxa passou de 6,31% ao mês (108,40% ao ano) em novembro para 6,39% ao mês (110,29% ao ano) em dezembro do ano passado. Nesse cenário, consumidores endividados podem criar uma bola de neve para liquidar os débitos. Por conta disso, especialistas recomendam troca de dívidas caras por mais baratas.
Para o economista Gilberto Braga, os juros do cartão de crédito são os mais caros da economia, seguidos dos cobrados no cheque especial, por isso o economista considera importante tentar evitar essas linhas de crédito.
"Se não tiver alternativa, deve-se fazer um plano para liquidação em curto prazo, trocando, por exemplo, por outra forma de financiamento com custo menor. Uma alternativa é contratar ou aumentar o empréstimo consignado para quem pode, liquidando o rotativo do cartão e o saldo devedor do cheque especial", informa Braga.
No caso de não conseguir quitar o cartão de crédito, o especialista ainda indica que o consumidor opte por ficar no rotativo do que pegar um empréstimo. "Na fatura do cartão de crédito, após a confirmação do pagamento mínimo, o cliente pode optar por ficar no rotativo ou contratar um empréstimo. Nessa hipótese, o rotativo só é indicado se a pessoa tiver certeza que conseguirá reverter tudo no mês seguinte. O financiamento oferecido na fatura é mais barato do que o rotativo, sendo recomendado para quem se enrolou muito com as contas", diz o economista.
A educadora financeira Aline Soaper, alerta que quem está endividado no cartão de crédito e cheque especial precisa fazer uma organização financeira urgente para cessar essa dívida. "Os juros são altíssimos e a dívida pode se tornar impagável".
Soaper indica que o ideal é buscar novas fontes de renda para negociar essa dívida. "O ideal nesse caso é buscar novas fontes de renda para conseguir fazer uma reserva maior e negociar essa dívida, de preferência para pagamento à vista, porque as instituições financeiras tendem a melhorar muito os valores de juros e multas se for para quitação total da dívida. Negociar novos parcelamentos é muito arriscado, porque os juros e o prazo aumentam, o que torna a dívida ainda maior", afirma.
Juros
No cartão de crédito, houve uma elevação de 0,91%, passando a taxa de 13,16% ao mês (340,87% ao ano) em novembro para 13,28% ao mês (346,52% ao ano) em dezembro. A taxa desse mês é a maior desde agosto/2017 (13,36% ao mês – 350,32% ao ano).
Já o cheque especial registrou-se uma alta de 0,53%, passando a taxa de 7,58% ao mês (140,31% ao ano) em novembro para 7,62% ao mês (141,39% ao ano) em dezembro. A taxa deste mês é a maior desde dezembro/2019 (11,57% ao mês – 272,02% ao ano).
Alta nas taxas de juros
Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas da ANEFAC, explica que as elevações acontecem por causa do aumento dos juros futuros, da elevação da Taxa Básica de Juros (SELIC) e expectativa de novas elevações dela para 2022 que elevou as mesmas de 17% para 20% de forma a reduzir a liquidez do sistema financeiro de forma a combater a inflação.
Para os próximos meses, Miguel Oliveira, afirma que, tendo em vista a piora do cenário econômico com maior risco de crédito e da elevação da inadimplência, bem como com as prováveis novas elevações da taxa básica de juros (Selic) frente a uma inflação maior, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito continuem subindo.
Dicas para sair do vermelho
Aline diz que para se proteger dessa alta de juros, o consumidor deve rever seu padrão de gastos e evitar fazer compras desnecessárias neste momento.  "Caso precise muito comprar algo, buscar formas de levantar esse dinheiro, com algum trabalho extra para não precisar fazer parcelamento. E, se fizer parcelamento no cartão de crédito, manter as parcelas em dia, não atrasar o pagamento do cartão", afirma ela.
- Faça um levantamento total do seu custo de vida;
- Reorganize os gastos, elimine ao máximo as despesas que não são essenciais nesse momento;
- Busque uma nova fonte de renda;
- Faça levantamento das dívidas;
- Crie uma reserva financeira para negociar essas dívidas;
- Negocie a redução de juros e multas para pagamento à vista das dívidas;
- Elimine as causas da dívida, entendendo quais foram os motivos do endividamento.
*Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso