Peritos do INSS fazem paralisação no Rio de JaneiroFabio Costa

Após a paralisação de médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que deixou beneficiários do órgão sem conseguir atendimento, os reflexos poderão ser sentidos na fila para pedidos nas agências. Atualmente, mais de 1,8 milhão requerimentos estão em espera. Desse total, mais de 792 mil dependem de perícia, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), o que representa cerca de 43% do total. 
De acordo com a presidente do instituto, Adriane Bramante, com a paralisação, o prazo para atendimento pode ser ainda mais estendido. "Pode ocorrer um atraso ainda maior na fila de pedidos do INSS para os casos de benefícios por incapacidade", avalia ela. 
Nesta segunda-feira, 24 mil agendamentos deixaram de ser efetuados e precisarão ser reagendados. O INSS informou que será feita a remarcação de todos os atendimentos que não puderam ser realizados nesta segunda-feira. A previsão é para a segunda quinzena deste mês. "Reforçamos que não é necessário que o segurado solicite remarcação. A perícia será reagendada pelo próprio INSS para a data mais próxima, sem que haja prejuízos financeiros para o segurado", afirmou, em nota.

O segurado pode confirmar a nova data e horário da sua perícia pelo telefone 135 ou pelo Meu INSS (site ou aplicativo).
Atualmente, há 3,2 mil peritos ativos no Brasil, sendo que apenas 2 mil cumprem agenda aberta diariamente. "Os demais estão em outros setores, como 200 em cargos de gestão e 1 mil estão, injustificadamente, sem agenda, sendo beneficiados com atividades remotas, para apoiar a atual gestão", afirmou Francisco Cardoso, vice-presidente da Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP). 
Paralisação 
Os médicos peritos do INSS cruzaram os braços nesta segunda-feira, 31, na mobilização chamada de Dia Nacional de Advertência pela Valorização da Perícia Médica Federal. A ANMP reivindica recomposição salarial de 19,99%, como outras categorias de servidores federais que pressionam o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Além disso, a categoria pede pela abertura imediata de concurso público para a recomposição dos quadros da carreira, cuja defasagem chega a 3 mil servidores, fim da “teleperícia” e de análises documentais como
o “Docmed”, direito de feriados, pontos facultativos e recessos sem estar atrelado ao agendamento do INSS, readequação das agências da Previdência Social que foram reabertas de modo precipitado e sem as condições sanitárias adequadas, distribuição igualitária de agendamentos entre os peritos
de ambos os turnos (matutino e vespertino), reinstituição do controle centralizado dos agendamentos de todo o país, edição do decreto regulamentador da carreira, entre demais pontos.
Segundo a categoria, um ofício foi enviado ao ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, no dia 25. No documento, os servidores falaram sobre o movimento, a pauta e pediram urgentemente a abertura de negociações. No entanto, eles ressaltaram que o responsável pela pasta ignorou solenemente os pleitos da categoria e até o momento não respondeu sobre o ofício.