Mais de 700 mil vagas temporárias devem ser geradas entre janeiro e marçoReprodução

Nos três primeiros meses deste ano, a contratação de profissionais para vagas temporárias deve chegar a mais de 700 mil. É o que aponta um levantamento da Associação Brasileira de Trabalho Temporário (ASSERTEM). Apesar do número expressivo ainda em período da pandemia do coronavírus, a competitividade pelos cargos vai exigir que os candidatos estejam preparados para impressionar os recrutadores para a contratação. Para isso, O DIA listou uma série de dicas de especialistas para se sair bem no processo e conquistar um emprego.
Segundo pesquisa da Catho, empresa de recrutamento online, os avaliadores levam de seis a dez segundos para descartar um currículo. Para evitar ser uma das pessoas dispensadas na seleção, o concorrente deve elaborar um currículo específico para cada oferta. Isso requer pesquisas sobre a empresa contratante e sobre os pré-requisitos para a função.
“O candidato não tem uma segunda chance para causar uma boa primeira impressão”, afirma Claudio Riccioppo, especialista em recolocação.

O documento também precisa apresentar informações de contato, áreas de atuação desejada, habilidades e experiência profissional em ordem cronológica. Se a pessoa estiver em busca da primeira oportunidade, a sugestão é de que ela informe as tarefas voluntárias que já exerceu. Riccioppo alerta que o interessado precisa fazer um resumo bem explicado das atividades que desempenhou. “Não adianta você colocar o nome da empresa, seu último cargo e o tempo que você ficou lá. Isso é igual a nada”, indica ele.

Formação acadêmica, cursos realizados, idiomas e certificados são outros dados que não podem faltar. No caso de currículos que serão enviados por meio eletrônico, ainda é preciso usar sinônimos das palavras que indicam as funções já exercidas. A justificativa para isso é que os robôs que fazem a triagem do currículo buscam apenas pelo termo exato da descrição da vaga. Um coordenador de RH, por exemplo, deve escrever “coordenador de RH/Recursos humanos''.

Outra dica que os especialistas dão em relação ao currículo físico e digital é a necessidade do uso de uma linguagem clara e de revisão, pois erros de português são responsáveis pela eliminação de 34% dos candidatos, segundo a Catho.

O que fazer na hora da entrevista de emprego

Na conversa com o recrutador, a pessoa precisa demonstrar ter interesse pela empresa. Isso significa provar que sabe quais são os interesses da instituição, suas metas e as últimas notícias divulgadas. Riccioppo sugere que o candidato busque pelo perfil do profissional que vai entrevistá-lo no LinkedIn para descontrair o ambiente. A estratégia também fornece informações importantes sobre o local de trabalho.

Se a vaga não define o salário, o concorrente pode ser perguntado sobre sua pretensão salarial, que não pode ser definida sem critérios. Para isso, Riccioppo ensina que a pessoa deve selecionar 20 vagas que pedem profissionais com o seu perfil e fazer uma média dos salários oferecidos. O resultado será o valor que deverá ser pedido.

O que evitar na entrevista

Um dos erros que os concorrentes aos cargos costumam cometer é falar mal do emprego anterior. Nesse momento, os recrutadores esperam ouvir sobre as atividades realizadas pelo candidato, e não críticas à instituição. “O cara que detona o seu anterior, amanhã está detonando você. As empresas evitam esse tipo de candidato”, alerta Riccioppo.

Contratação de temporários

Para projetar as mais de 700 mil vagas temporárias no primeiro trimestre, a ASSERTTEM leva em consideração a aproximação da Páscoa, a redução da inflação e a queda do dólar.

“Nossa expectativa para os primeiros três meses do ano é boa, sendo que as contratações serão puxadas pela Páscoa, redução da inflação e a queda do dólar. Estes são os fatores que impulsionarão o Trabalho Temporário nos meses de janeiro, fevereiro e março”, afirma o presidente da ASSERTTEM, Marcos de Abreu.

Até o fim de janeiro, mais de 200 mil empregos temporários foram gerados, um aumento de 13,2% em comparação com o mesmo período de 2021. Esse foi o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, em 2014. Segundo a associação, os maiores responsáveis por esses resultados foram a indústria com 55% das contratações, seguido pelo de serviços (35%) e comércio (10%).
“Prevíamos uma redução nas contratações devido à pandemia e inflação, mas nenhum desses fatores foram suficientes para impedir admissões temporárias no mês de janeiro”, explica o presidente da associação.
Abreu atribui esse sucesso ao clima. "Os fatores climáticos anteciparam a colheita de soja, o que impactou nas contratações da indústria de alimentos. Além disso, a melhoria na recepção de componentes importados da China liberou a indústria para produzir neste período do ano", diz ele.
A Páscoa deve aumentar ainda mais esse números, já que a expectativa é de que a data gere cerca de 14 mil vagas até março. Apesar disso, a associação segue cautelosa em suas projeções, pois espera uma diminuição nas contratações pela indústria em fevereiro e março.

Previstas pela Lei Federal 6.019/74 e pelo Decreto nº 10.854/2021, as contratações temporárias têm sido escolhida pelas para atender às suas demandas, sem arcar com os valores previstos pela Consolidação das Leis Trabalhistas, CLT.

“O Brasil abriu 2,7 milhões de postos de trabalho com carteira assinada em 2021, segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Destes, cerca de 594 mil passaram pela modalidade do Trabalho Temporário antes de serem efetivados. Um número expressivo”, afirma Abreu.