Edifício-Sede do Banco Central em BrasíliaMarcello Casal Jr/Agência Brasil

Brasília - De olho nas consequências da guerra no leste europeu para a economia brasileira, os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a alta da taxa básica de juros (Selic) neste ano. A estimativa mediana subiu de 12,25% para 12,75% ao ano no fim de 2022, conforme o Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira. Há um mês, era de 12,25%. Considerando apenas as 98 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano avançou mais, de 12,25% para 13,00%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro, o Banco Central indicou a intenção de reduzir o ritmo de alta de juros. Mesmo com a piora inflacionária causada pela guerra na Ucrânia, 51 de 53 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast esperam que o aumento dos juros básicos esta semana fique aquém do passo de 1,50 ponto porcentual praticado nas últimas três reuniões. A maioria das casas (44 de 53) projeta alta de 1,00 ponto porcentual, de 10,75% para 11,75% ao ano.
Os economistas, por sua vez, acreditam que a alta da taxa Selic terá de ir mais longe e ficar em um nível mais elevado por um período mais longo. A estimativa do Focus para a taxa Selic no fim de 2023 avançou de 8,25% para 8,75%, ante 8,00% há quatro semanas. Para 2024, subiu de 7,38% para 7,50%, ante 7,25% de um mês atrás. Já a previsão para o fim de 2025 continuou em 7,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a expectativa mediana de alta de 1,00 ponto porcentual da Selic na reunião do Copom desta semana, de 10,75% para 11,75% ao ano. Mas passaram a prever mais aumentos à frente diante da forte deterioração do cenário inflacionário como consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Conforme o Sistema de Expectativas do Banco Central, a estimativa para taxa Selic no Copom de maio passou de 12,25% para 12,50% de uma semana para outra, mediana que indica avanço de 0,75 ponto porcentual no encontro. O mercado financeiro também passou a prever um ajuste para cima de 0,25 ponto porcentual na reunião de junho, para 12,75%, finalizando o ciclo de aperto monetário. Este nível, na expectativa mediana, será mantido até o fim deste ano.
No Boletim Focus de hoje, a mediana para o IPCA, índice oficial de inflação, de 2022 saltou de 5,65% para 6,45%, muito distante do teto da meta deste ano (5,00%). Para 2023 e 2024, também houve aumento, de 3,51% para 3,70% e de 3,10% para 3,15%, respectivamente. O centro da meta para esses anos é de 3,25% e 3,00%, nessa ordem.