Motorista de aplicativo Carlos Nunes, de 51 anos, abastecendo após o aumento no valor do GNVMarcos Porto /Agência O Dia

Rio - Após o aumento no valor dos combustíveis na última semana, uma das alternativas mais buscadas pelos motoristas para abastecer o veículo foi o Gás Natural Veicular (GNV). Porém, a partir desta quarta-feira (16), após liminar da Justiça que autorizou a Naturgy reajustar os valores, o preço do gás também subiu e condutores já sentem o impacto no bolso.

Com a liminar que autorizou a Naturgy aumentar as tarifas de gás natural em todo o Estado do Rio, o reajuste provocou uma alta de 1,10% nos postos de GNV da capital e Região Metropolitana (Ceg) e de 0,99% no interior do Estado (Ceg Rio).

A regulagem nos valores deveria ter começado a valer em janeiro, mas foi impedido por conta conta de uma deliberação da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa).

No posto de GNV localizado na Praça da Cruz Vermelha, no Centro, o reajuste do GNV fez o preço subir para R$ 4,68. O novo valor já influência, principalmente, o lucro diário de taxistas e motoristas de aplicativo que precisam sempre abastecer seus carros para trabalhar.


Para o motorista de aplicativo Carlos Nunes, de 51 anos, a alta no preço do gás veicular, que acompanha o valor exorbitante da gasolina e do álcool, é um dos fortes motivos que o fazem pensar em desistir de trabalhar com corridas.

"Eu trabalho em aplicativo e uso o gás já faz muitos anos, para a gente ficou muito difícil porque aumentou muito combustível. O gás era um acessível, dava para gente trabalhar, agora não dá. Vou te dar um exemplo, hoje mesmo eu fiz R$ 80 em corridas e botei R$ 55 de gás, a gente vai conseguir sobreviver como? Está bem é complicado para a gente trabalhar, eu mesmo estou quase desistindo", expõe.

O taxista Nelson França, de 66 anos, afirma que está ficando inviável continuar trabalhando com o atual preço dos combustíveis sem um reajuste nas tarifas também, já que não há alternativas para economizar com o aumento do gás veicular.

"Está praticamente impossível de se trabalhar porque das minhas corridas, praticamente metade é do combustível e metade meu lucro, fora os outros itens do carro que se desgastam. Não existe como economizar, todo lugar que a gente chega está com o mesmo preço. Não tem mais como escolher o combustível mais barato, porque o legal para se trabalhar era o GNV, mas mesmo assim está ficando muito inviável", desabafa.
Usuário do gás natural há pouco mais de seis meses, o motorista de aplicativo Sebastião Vital, de 52 anos, sente que o aumento não prejudica só quem trabalha diretamente com transporte, mas acaba causando um "efeito dominó" e atinge toda a população, pois acaba encarecendo os produtos de outros setores.

"Esse aumento sobra para todo mundo, porque vira uma bola de neve, um efeito dominó, aumenta o combustível, aumenta o transporte, aumenta o alimento, aumenta o remédio, aumenta tudo, todo mundo perde", explica, e ainda completa, afirmando que com o valor do combustível, não vale mais a pena investir no uso do gás, pois a instalação do equipamento custou cerca R$ 4 mil.

"A gente instala o GNV para economizar, porque é mais barato do que o etanol e do que a gasolina, mas agora está equiparando tudo, então quer dizer, cadê a vantagem de a gente fazer um investimento no kit gnv se eles vão equipar o preço?", indaga.