Edson Pimentel, vendedor, chegou às 23h do dia anterior e foi o primeiro da filaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Cariocas beneficiários do Aluguel Social precisam enfrentar cada vez mais problemas para conseguir receber o auxílio. Nesta quinta-feira (17), O DIA flagrou dezenas de pessoas deitadas na calçada do posto da Secretaria Municipal de Habitação, no Centro do Rio, aguardando desde a madrugada para conseguir atendimento.

As denúncias são muitas e abrangem, principalmente, o precário atendimento oferecido pela secretaria que, por conta da pandemia da Covid-19, só oferece 50 senhas por dia para quem precisa dar entrada no Auxílio Habitacional Temporário, renovar o benefício ou resolver problemas referente aos pagamentos.


A beneficiária Angélica Barbosa conta que chegou no local às 5h, com a fila já lotada, e temia ter que esperar até a tarde para conseguir resolver seu problema por conta dos poucos atendentes e precariedade no atendimento.

"Eu cheguei aqui cinco horas da manhã e pelo que estou vendo só vou sair daqui duas horas da tarde, porque só tem quatro pessoas atendendo. Eu estou enfrentando esse tumulto já tem horas e eles não dão uma solução para gente. De seis meses em seis meses é essa luta, hoje está sendo mais fácil porque vocês [imprensa] estão aqui, se não estivessem, nós estaríamos esperando ainda para eles darem a senha. E eles só dão 50 números, hoje pode ser até que eles deem 180 números, como eles falaram, mas eles só dão 50", expôs.

O atendimento no posto começou somente às 9h, mas o beneficiário Edson Pimentel já estava no local desde às 23h desta quarta-feira (16). Primeiro da fila, ele assumiu que só consegue ser atendido para resolver problemas caso passe a noite inteira nas calçadas da secretaria.

"Eu cheguei aqui eram 23h e fui atendido às 09h20. O atendimento foi tranquilo, a prefeitura mandou mais quatro funcionários pra reforçar, mas isso aí só hoje, se amanhã voltar ao normal, vai voltar a mesma coisa com essa quantidade de gente. Consegui tudo, fui aprovado, agora é só aguardar daqui a 30 dias ser depositado o cheque", conta.

Em meio ao lixo, os cariocas que precisam do benefício faziam uma fila e, já acostumados com a situação, muitos levaram cadeiras, lençóis e cobertores na tentativa de deixar a experiência um pouco menos desgastante.

Edson ainda conta que já está com os documentos para o próximo recadastramento, mas espera que a secretaria não crie ainda mais burocracias para resolução dos problemas.

"Já estou com o papel para renovar daqui a seis meses, se eu precisar renovar, só vou ter um problema só se trouxer a burocracia junto, mas se quiserem realmente resolver vai ser feito".

Os beneficiários do auxílio precisam se recadastrar a cada seis meses para se manterem ativos, porém esse recadastramento só pode ser feito presencialmente, no posto da secretaria.

O valor pago é de R$ 400 para cariocas com renda inferior a R$ 1,2 mil por mês e que passaram por algum problema que os obrigaram a a sair de suas casas, como incêndios que destruíram o imóvel ou moradia em áreas de risco.

A Secretaria Municipal de Habitação informou, por meio de nota, que desde novembro, vem fazendo uma campanha junto aos beneficiários do Auxílio Habitacional Temporário para alertar sobre a necessidade do recadastramento, sob pena de bloqueio do benefício.

Mesmo assim, muitas pessoas não realizaram o recadastro junto à SMH e tiveram o seu benefício suspenso temporariamente, o que fez com que todos os beneficiários que perderam o prazo buscassem por atendimento para regularizar a sua situação no posto ao mesmo tempo. Diante disso, a SMH intensificou o atendimento, aumentando a média de pessoas atendidas por dia de 60 para mais de 100, e agora está ampliando o horário de atendimento, que passará a ser das 7h às 19h.

Além disso, a secretaria passou a realizar uma triagem na fila para orientar aqueles que estão com a documentação incompleta. Com as novas medidas, a SMH já conseguiu realizar todos os atendimentos de hoje. Somente nesta quarta-feira (16), foram atendidas 118 pessoas.