Novo presidente da PetrobrasArquivo pessoal
No início da tarde desta segunda-feira, Pires havia comunicado sobre a desistência em assumir o comando da estatal depois de o governo receber informações de que o nome do indicado não seria aprovado pela política de governança da empresa.
O escolhido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), é sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), que tem contratos de longo prazo com petroleiras e empresas de gás, como a Cosan, o que poderia configurar conflitos de interesse. Diante disso, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) ingressou com pedido para que o economista não assumisse a presidência antes de uma investigação.
A checagem do nome de dirigentes por empresas de fora da Petrobras é uma obrigação das regras da estatal, que tem ações na Bolsa.
Com o alerta da Petrobras apontado conflito de checagem, os patrocinadores da indicação de Pires no governo foram retirando o apoio. "O cara é um conflito ambulante", resumiu uma fonte do Palácio do Planalto.
Alinhado com o ministro das Minas e Bento Albuquerque, a indicação de Pires também é vista com restrições por integrantes da equipe econômica que participaram das negociações da lei do gás.
Na votação da Medida Provisória que permitiu a privatização da Eletrobras, Pires se aproximou de lideranças do Centrão, entre eles, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que teria pavimentado o acesso dele e de Pires ao gabinete de Bolsonaro.
Em reuniões com representantes do Ministério da Economia, Pires defendeu os interesses das empresas ao patrocinar os "jabutis" (medidas estranhas ao projeto, como a exigência na contratação de térmicas) que foram colocados na nova legislação, o que irritou os negociadores do Ministério da Economia. É muito lembrado com ironia artigo escrito por ele que diz tratar de um completo equívoco técnico chamar de "jabutis" as modificações feitas pelos parlamentares, porque as mudanças mais se pareciam com "corujas", que representam sabedoria, inteligência e visão.
Na época da escolha de Pires para o comando da Petrobras, o sentimento foi de perplexidade no time do ministro da Economia, Paulo Guedes. O maior conflito de interesse de Pires é a ligação com o empresário Carlos Suarez, dono de distribuidoras de gás, e Rubens Ometto, da Cosan.
Após decisão de Pires, funcionários da Petrobras comemoram a desistência com a avaliação de que a governança estava sendo suficiente para impedir nomeações que possam complicar os rumos da empresa.
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