Edifício-Sede do Banco Central em BrasíliaMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Em decisão unânime, Copom eleva a Selic para 13,25% ao ano
Taxa alcançou o maior patamar em cinco anos e meio, desde janeiro de 2017 (13,75%)
Apesar do cenário desafiador nas frentes inflacionária, externa e fiscal, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cumpriu o prometido e puxou o freio no ritmo de alta da Selic (a taxa básica de juros). A taxa subiu 0,50 ponto porcentual, de 12,75% para 13,25% ao ano, em decisão unânime.
Com a elevação a 13,25%, a Selic alcançou o maior patamar em cinco anos e meio, desde janeiro de 2017 (13,75%). Foi a 11ª primeira alta consecutiva neste ciclo de aperto monetário, que já é o mais longo da história do Copom. Desde o primeiro aumento, em março de 2021, quando a Selic estava na mínima de 2%, a taxa já subiu 11,25 pontos porcentuais, o maior choque de juros desde 1999.
A decisão desta quarta-feira (15) já era esperada pelo mercado financeiro, pois o BC sinalizou, após subir a Selic em 1pp no Copom de maio, que avaliava "como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude" para a reunião deste mês. 7
De 50 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast, 46 esperavam alta de 0,50pp dos juros básicos, para 13,25%. Três casas estimavam aumento de 0,75pp, a 13,50%, enquanto uma projetava a manutenção do ritmo de aperto monetário de maio, de 1,00 pp, para 13,75%.
Nas últimas semanas, a maioria das notícias não foi boa para a missão do BC de colocar a inflação na meta. As investidas do governo para baixar os preços de combustíveis via redução de impostos aumentam o risco fiscal e podem ter efeito "rebote" no ano que vem, que é o foco da política monetária atualmente. A inflação no mundo voltou a assustar e o petróleo continuou a subir. Por outro lado, o IPCA de maio ficou abaixo do esperado, mas as expectativas para os próximos anos seguem avançando.
Ao justificar a decisão de hoje, o BC avaliou que "reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva". Além disso, considerou que a decisão "é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023."
"Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", repetiu o comitê.
Com o novo aumento da Selic, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 8,10% ao ano.
Em segundo lugar na lista que considera economias mais relevantes, aparece o México (4,48%), seguido da Colômbia (4,47%). A média dos 40 países avaliados é de -1,70%.
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