Panorama acontece após desafios em 2020 e 2021Marcello Casal Jr/Agência Brasil


O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, admitiu que o câmbio passou por diversos desafios nos anos de 2020 e 2021, com uma presença do BC no mercado mais frequente do que o agradaria. "É bom o mercado funcionar sem a necessidade do BC atuar, mas seguimos o mandato. Quando é necessário, temos que estar sempre dispostos a atuar, com o instrumento mais adequado para momento. Em alguns momentos vendemos reservas no spot, em outros momentos o mercado demandou swaps", respondeu, durante evento virtual organizado pela Bradesco Asset Management.
Na visão de Serra, o mercado de câmbio está bem equilibrado na demanda entre spot e swaps. "Isso se deve àquele gap de câmbio contratado versus embarcado que foi concentrado nos setores de óleo e gás e minério, com redução do endividamento muito grande. Agora é a reversão deste movimento. Esse processo (de pagamento de dívidas no exterior) terminou no fim de 2021 e agora este dinheiro está fluindo", detalhou.
O diretor lembrou que o real tem sido a melhor moeda em 2022, mesmo com a alta de juros nos Estados Unidos. "Muito disso é explicado por esse processo de normalização de fluxos cambais para o Brasil. Me dá bastante mais tranquilidade estar em um ambiente assim. Naturalmente, a taxa de juros (Selic) tem o seu impacto e ajuda", concluiu.
Renda fixa
Bruno Serra avaliou que o retorno de renda fixa em 2022 está totalmente desconectado com o que foi visto no acumulado dos últimos 20 anos. "Está totalmente fora do gráfico. Qualquer um que tenha qualquer investimento está perdendo um pedaço razoável do seu patrimônio. É bem significativo. Qualquer portfólio está perdendo talvez mais do que perdeu nos últimos 35 anos. É difícil passar por isso com tranquilidade, vamos ter sustos", afirmou. "Situação das bolsas no mundo está ruim, menos negativo é Brasil", completou.