Início da temporada dos cruzeiros e Copa do Mundo devem injetar R$ 722 milhões na economia do Rio
Segundo projeção da IFec-RJ, somente o Mundial de futebol vai movimentar R$ 422 milhões no Estado
Temporada de cruzeiros, que vai do fim de outubro a maio de 2023, deve gerar R$ 350 milhões para o município do Rio, estima a Secretaria de Desenvolvimento Econômico
- Fernando Frazão/Agência Brasil
Temporada de cruzeiros, que vai do fim de outubro a maio de 2023, deve gerar R$ 350 milhões para o município do Rio, estima a Secretaria de Desenvolvimento Econômico
Fernando Frazão/Agência Brasil
Rio - A Copa do Mundo e o início do verão prometem movimentar a economia do Estado e da cidade do Rio de Janeiro. Segundo projeções, o torneio mundial e o início da alta temporada do turismo devem injetar ao menos R$ 722 milhões na receita do estado. O valor corresponde a soma de uma projeção do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ), que estima uma movimentação de R$ 422 milhões na economia fluminense durante o evento, mais R$ 350 milhões gerados pelo início da temporada de cruzeiros, que começou no fim de outubro e se estende até maio de 2023, no município. Este segundo dado faz parte de um cálculo feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo e a Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (CLIA Brasil).
"O setor de turismo é um dos grandes vetores do desenvolvimento econômico do Rio. A temporada 2022/2023 de cruzeiros vai ser a maior dos últimos anos, contribuindo para aumentar a arrecadação da cidade, além de gerar emprego e renda para os cariocas", explica o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio, Chicão Bulhões.
São esperadas 37 embarcações gigantes, sendo 26 navios internacionais e 10 que irão aportar no Rio pela primeira vez. A previsão é de que, nesta temporada, 500 mil pessoas passem pelo terminal do Porto do Rio, sendo o maior movimento de passageiros de cruzeiros desde a temporada 2010/2011.
A estimativa é de que cada passageiro dos cruzeiros gaste, em média, cerca de R$ 700 nos pontos de escala ou nas cidades de embarque e desembarque. O quantitativo de meio milhão de pessoas no Rio deve render aproximadamente R$ 350 milhões para a cidade. Vale ressaltar que ainda há o impacto indireto gerado pela vinda dos cruzeiros, como abastecimento (de comidas e combustível), impostos e empregos temporários.
Já quando o assunto é a Copa do Mundo, de acordo com a IFec-RJ, os gastos médios de cada consumidor, um total de 2,7 milhões de pessoas, devem ser de R$ 158, totalizando uma movimentação financeira no Estado de cerca de R$ 422 milhões.
O setor de serviços esperam um aumento de 15% de circulação em restaurantes e de 30% em bares se comparado ao ano passado. Para shopping centers, a expectativa é um crescimento de 15%, informou a Rio Convention & Visitors Bureau (Rio CVB) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Entretanto, para o Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e o Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio), as expectativas são mais modestas, já que os comerciantes esperam que as vendas só aumentem à medida que o Brasil avance na Copa.
"Eventos dessa grandiosidade acabam tirando o foco das pessoas para o consumo. As vendas acabam ficando concentradas nos setores de alimentação e entretenimento. Além disso, o nosso principal adversário no campo das vendas é a informalidade, que toma conta da cidade e que sempre aumenta muito em épocas como essa. É uma concorrência desleal, que prejudica bastante o comércio formal, que emprega, paga aluguel e impostos", pontua o presidente de ambas instituições, Aldo Gonçalves.
Gonçalves também lembra que na Copa em 2018 a venda de produtos com a temática da seleção brasileira decepcionou. Isto porque os lojistas ficaram com um estoque encalhado de camisetas, cornetas, produtos ornamentais, canetas, chinelos, boné, bandeira para carro, bola e outros itens temáticos.
Rede hoteleria espera 100% de ocupação
Já a rede hoteleira está otimista com o período. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ), a expectativa é que a cidade do Rio chegue a 100% de ocupação na alta temporada.
"O final de ano tradicionalmente é um período no qual os hotéis registram alta demanda, com as festas de final de ano, as férias escolares e o início do verão. O fato de o Rio de Janeiro ser a cidade mais procurada como destino para o feriado da Proclamação da República, de acordo com pesquisa do Booking.com, confirma a retomada da capital fluminense, resultado de um trabalho que começou com força total no final de 2021, refletiu em um bom início de ano e segue acontecendo e rendendo frutos, com excelentes perspectivas para o fim do ano e a temporada de verão 2023. No ano passado, mesmo ainda nos recuperando da pandemia, registramos excelentes índices de ocupação, como durante o Réveillon, quando chegamos a 92,10%. Acreditamos que este ano teremos um desempenho ainda melhor, chegando a 100% de ocupação", avalia o presidente do Conselho da ABIH-RJ, Alfredo Lopes.
O diretor-executivo do Grupo WAM, responsável pelo hotel Nacional, Eduy Azevedo, também confirma a espera por bons resultados. "As expectativas no mundo hoteleiro para o final do ano são muito boas. Faltam poucos dias para o início da Copa do Mundo, que pela primeira vez acontecerá em um período do ano muito propício para o nosso setor, pois o Rio de Janeiro é um dos destinos mais procurados pelos estrangeiros", comenta.
Novembro e dezembro terão mais contratações temporárias
Quem está à procura de emprego também deve comemorar. Ainda segundo o Ifec-RJ, novembro (42,5%) e dezembro (37,3%) devem ser os meses com mais contratações temporárias para as festas de fim de ano. De acordo com o verificado no levantamento, 61,8% dos empresários do comércio disseram que há possibilidade de contratar esses trabalhadores permanentemente. A pesquisa foi realizada entre os dias 4 e 7 de outubro, com 912 estabelecimentos.
Para 40,2% dos empresários, os temporários devem ser todos ou quase todos aproveitados até janeiro de 2023, e 29,9% do comércio deve aproveitá-los em seus quadros até dezembro deste ano. Ao todo, 21.331 funcionários serão contratados, uma média de três por estabelecimento. O salário médio ficará em torno de R$ 1.437.
Com relação aos postos de trabalho no setor hoteleiro, Lopes explica que não é comum a contratação de temporários devido ao "significativo investimento em capacitação, que exige tempo e recursos". Apesar disso, a rede Nacional — que já formalizou 29 colaboradores temporários — ainda pretende empregar mais pessoas conforme o aumento da demanda. As vagas são voltadas para atendimento, recreação, cozinha, recepção, entre outras. Para se candidatar, basta enviar o currículo para o e-mail: recrutamento.rj@hotelnacionalriodejaneiro.com
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