Haddad afirma que a prática de uma política fiscal saudável esbarra na alta taxa de juros que derruba a arrecadação e enfraquece a economiaFabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Brasília - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou a criticar a política monetária do Banco Central. Durante entrevista para a 'CNN Brasil', na sexta-feira, 10. Na avaliação dele, não é possível que o Brasil tenha uma política fiscal saudável com a condução feita pelo BC.

"Como você quer que eu faça uma política fiscal saudável com uma taxa de juros que derruba a arrecadação e enfraquece a economia? Na verdade, essa divisão entre políticas monetária e fiscal é uma forma de pensar a economia que não consegue traduzir a complexidade desse organismo", declarou.

"Tem dois braços, fiscal e monetário, mas eles têm de trabalhar juntos. Não é um esperando o outro fazer para depois começar a trabalhar", acrescentou o ministro do governo Lula.

Haddad voltou a repetir que o Ministério da Fazenda precisa montar planos que estabeleçam uma "relação de confiança" entre as políticas fiscal e monetária no Brasil, trazendo investidores para o país.

"É uma relação de confiança que se estabelece entre as autoridades fiscal e monetária justamente para que ao observar na mesma direção, concorrendo para os mesmos propósitos, uma política fortaleça a outra. Não existe essa separação dessa maneira, não é assim que a economia funciona. O monetário afeta o fiscal e o fiscal afeta o monetário", pontuou.

Juros altos
A Selic está em 13,75% por decisão do Copom (Comitê de Política Monetária). A taxa tem irritado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tanto que fez uma série de críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Jornalistas da 'CNN' perguntaram qual será a postura do governo caso o Copom não faça a redução dos juros na reunião marcada para o próximo dia 22. Haddad confessou que há muita preocupação com "o que está acontecendo no mercado".

"Quando a taxa [Selic] estava a 2%, os empresários sólidos tomaram empréstimo a 6%. Hoje, esses mesmos empresários estão rolando a 20%", concluiu.