Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento AFP
"Não houve surpresa em relação à manutenção da taxa em 13,75% (ao ano). Nós já esperávamos isso. Ainda que não quiséssemos isso, mas já esperávamos. Então, vamos aguardar a ata. Porque também como foi da outra vez, o comunicado, ao meu ver, saiu muito mais apertado do que prevíamos. Vamos aguardar a ata. Que essa ata venha de forma imparcial e justa com o Brasil, trazendo obviamente os fatores externos que levaram o Banco Central a manter a taxa de 13,75%", disse a ministra a jornalistas depois de participar de evento em Brasília sobre Gestão Pública.
Tebet também disse aguardar que o documento do Copom reconheça os fatos que mostram "todo o esforço que o governo federal está fazendo" para conter os gastos públicos e apresentar projetos sociais relevantes com responsabilidade fiscal.
A ata será divulgada na terça-feira da próxima semana. Na quarta-feira, foi a quinta vez que o Copom resolveu deixar a Selic no patamar de 13,75% ao ano. O órgão avaliou que a sua decisão "é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024".
Quando questionada sobre a possibilidade de o Copom seguir com o arrocho nos juros, Tebet disse confiar na equipe econômica, que terá condições de mostrar até maio, quando haverá uma outra reunião do Copom, que o ambiente interno econômico do Brasil está melhorando.
"Estamos no caminho certo", afirmou a ministra. "Nós temos condições, apresentando um bom arcabouço fiscal, evoluindo nas tratativas e também no processo legislativo da reforma tributária, além de outros atos que estaremos apresentando no devido tempo, de, independente dos fatores externos, mostrar que o ambiente interno econômico do Brasil está melhorando e assim teremos condições, se assim decidir o Banco Central, de baixar as taxas de juros."
A fala de Tebet está alinhada às do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que vem reclamando da alta taxa de juros no País, e de outros ministros do governo. Na quarta, o titular da Fazenda, Fernando Haddad, disse ter considerado o comunicado do Copom "muito preocupante". O chefe da Cas O Dia a Civil, Rui Costa, também não gostou. "Não tem país no mundo que pratique juros tão altos como o Brasil. Não tem razão econômica que explique essa decisão", disse.
Sobre o novo arcabouço fiscal, a ministra se mostrou confiante na divulgação de seu conteúdo logo que o presidente Lula voltar da China. Ela disse que a "moldura" do novo marco tem todo o aval da pasta que comanda e agora só está passando por ajustes para acomodar a decisão política de Lula "de esticar um pouquinho mais ou de espremer um pouquinho".
"O arcabouço está saindo dentro do Ministério da Fazenda e a sua moldura tem todo o aval do Ministério do Planejamento e Orçamento. Eu posso dizer que a moldura desse arcabouço fiscal está muito boa e agora é hora de analisar parâmetros de acordo com uma decisão política do presidente da República, de esticar um pouquinho mais ou de espremer um pouquinho. Mas tenho certeza que vamos chegar num bom termo, e depois da China o presidente já vai poder anunciar o arcabouço junto com o Ministério da Fazenda", destacou a ministra.
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