O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta segunda-feira, 22, que os ganhos da autonomia da autoridade monetária não são vistos "a curto prazo", mas que a experiência em outros países mostram que ela diminui a volatilidade na economia.
"Na média, os estudos mostram que a autonomia faz com que a inflação seja mais baixa e menos volátil, (...) Os ganhos da autonomia estão aí, se a gente não tivesse autonomia, no período de eleição brasileira, a gente teria tido mais volatilidade nos mercados", disse, citando como exemplo dos benefícios da autonomia o fato de o Brasil ter tido "a maior alta de juros do mundo" durante o período eleitoral no ano passado.
Campos Neto mencionou o exemplo da Argentina, para quem, segundo ele, a autonomia do Banco Central local foi mal formulada, gerando explosão dos juros.
O presidente do BC participou de seminário organizado pelo jornal 'Folha de S. Paulo', que discutiu no período manhã desta segunda os dois anos de autonomia do banco.
Ele disse ainda que a autoridade monetária realiza "suavização monetária", mas ponderou que o processo tem "perdas e ganhos". "A suavização tem ganho de um lado e perda de outro. Tenho ganho de suavizar porque causou dano menor na economia. Por outro lado, se eu suavizo por muito tempo, perde credibilidade e causo dano maior, com efeitos no crescimento econômico", defendeu.
Campos Neto afirmou que o banco tomou medidas para aumentar a competição e reduzir o spread bancário e que houve, na sua gestão, fomento ao mercado de capitais.
"Quando se fomenta o mercado de capitais, as empresas não vão aos bancos, que passam a alocar mais a pequenos, microempresários e cidadãos. Se diminuo crédito subsidiado e aumentar o crédito de mercado, a economia ganha eficiência", disse, ao pontuar que medidas de crédito do banco mostram resultados e que "crescimento do microcrédito é muito importante".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.