Ministro da Fazenda, Fernando HaddadMarcelo Camargo/Agência Brasil
Para Haddad, o comunicado foi "muito ruim" por não ter sinalizado que o ciclo de corte de juros será iniciado na próxima reunião do Copom, marcada para o início de agosto.
"O comunicado, como de hábito, é o quarto comunicado muito ruim. Todos foram ruins. E às vezes ele [Copom] corrige na ata, mas não alivia a situação. Há um descompasso entre o que está acontecendo com o dólar, com a curva de juros, com a atividade econômica. É um claro sinal de que podíamos sinalizar um corte na taxa Selic", disse Haddad a jornalistas em Paris, na França, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Haddad disse também que a manutenção da Selic em patamar elevado - descontada a inflação, a taxa de juros brasileira é a mais alta do mundo - pode aumentar a inflação e a carga tributária futura. "Nós estamos contratando um problema com essa taxa de juros. É isso que essa decisão significa. Está contratando inflação futura e aumento da carga tributária futura. É isso que está sendo contratado", disse o ministro.
"Eu estou muito preocupado com o que vai acontecer com a vida das pessoas. Nós estamos fazendo um esforço gigantesco de reversão de expectativas desde o começo do ano", acrescentou Haddad, citando ações da equipe econômica do governo federal, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária.
O ministro também citou indicativos positivos da economia brasileira, como a expectativa da agência de classificação de risco S&P, que elevou de estável para positiva a perspectiva para a nota de crédito do Brasil pela primeira vez desde 2019.
"Eu não consigo entender [a decisão do Copom]. Com tudo o que aconteceu esse mês? Eu não vou levantar hipótese sobre a subjetividade das pessoas, o que eu digo é o seguinte: na técnica, eu não consigo entender esse comunicado", disse Haddad.
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