Gol contratou a consultoria Seabury Capital para se posicionar para uma ampla revisão de sua estrutura de capitalGol/Divulgação
recuperação judicial nos Estados Unidos.
Outros nomes são Unigel, que já ingressou em uma mediação com seus credores, garantindo 60 dias de proteção contra cobranças, após debenturistas pedirem o vencimento antecipado de suas dívidas, e a
General Shopping. Esta última tem um passivo com detentores de títulos de dívida externos (bonds) de
mais de US$ 800 milhões e uma disputa na Justiça desde 2019 com esse grupo. Para a Fitch, a
situação financeira da dona de 16 empreendimentos imobiliários no País é "insustentável".
"Vai ser um primeiro semestre de desdobramentos de casos em andamento e com potencial de surgimento
de casos emblemáticos em diferentes indústrias", disse o sócio do escritório Pinheiro Neto, Giuliano Colombo. Ele afirma, entretanto, que não necessariamente serão reestruturações sob supervisão da Justiça e que a primeira tentativa das empresas deve ser de negociações privadas, para evitar o desgaste do processo de recuperação judicial.
A impressão de especialistas no mercado de reestruturação financeira de empresas é de que os
primeiros seis meses de 2024 darão continuidade ao ano passado. O início do ciclo de corte de juros ainda não terá produzido efeitos no custo do dinheiro para as companhias, enquanto o crescimento econômico ainda patina. "A taxa de juro em dois dígitos deve ser mantida até boa parte do ano e isso é agressivo à estrutura de capital para a grande maioria das companhias, que têm alavancagem (endividamento) alta", disse o diretor de finanças corporativas e reestruturação do FTI Capital Advisors, Luciano Lindemann.
Cenário
Somem-se a isso as margens apertadas das companhias, porque não conseguem repassar custos aos
produtos e as elevadas despesas com pessoal. "Os fatores de pressão contra as empresas não se
anularam, atingindo principalmente aquelas do varejo e de serviços, setores que ainda seguirão
fragilizados", diz Astraukas.
Outra questão é que nem todas as companhias têm acesso ao crédito dos bancos, o que eleva o custo de capital, que pode superar 20%, considerando o prêmio de risco (spread), complementa o sócio do G5 Capital Daniel Lombardi. "O empresário está vulnerável ao custo de capital e à inflação, processo que não controla, ao mesmo tempo que não consegue repassar preços na velocidade do aumento de custo." Com a queda do juro a perspectiva é de que a situação se amenize. "Mas não há céu de brigadeiro previsto para este ano", diz Lombardi. Para ele o cenário para este ano é ainda muito desafiador e o mais provável é que o número de pedidos de recuperação judicial se mantenha próximo do de 2023.
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