Entre as 100 maiores empresas de capital aberto, 70 têm uma meta 'net zero' de emissõesDivulgação

Apenas 40 das 100 maiores empresas de capital fechado do mundo estabeleceram o objetivo de zerar as emissões líquidas de CO2, uma proporção muito menor do que as de capital aberto, aponta um relatório divulgado neste domingo (21) pela ONG Net Zero Tracker.

“Existe uma disparidade enorme” entre os grupos de capital aberto e fechado", destaca um dos autores do relatório, John Lang.

As empresas que não são negociadas em bolsa, sujeitas a menos regras de divulgação, atuam “no escuro”, aponta o documento.

Entre as 100 maiores empresas de capital aberto, 70 têm uma meta "net zero" de emissões. Um total de 82 se comprometem, ao menos, em reduzir suas emissões, contra pouco mais da metade das empresas de capital fechado.

Nenhuma das oito empresas de combustíveis fósseis incluídas no relatório tem uma meta net zero, contra 76% das maiores empresas do setor negociadas em bolsa.

As companhias de capital fechado "não sofrem essa pressão do mercado e na sua imagem”, ressalta Lang. No entanto, a regulamentação, principalmente na Europa, é cada vez mais restritiva.

A Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), por exemplo, vai obrigar gradativamente as 50 mil maiores empresas europeias a publicar seus dados sociais e ambientais, além das suas contas. Califórnia e Singapura, por sua vez, vão exigir que os maiores grupos divulguem dados relacionados às emissões, observa a Net Zero Tracker.

“Calar sobre o net zero aumenta os riscos competitivos para essas empresas e poderia prejudicar os esforços para reduzir as emissões” em escala nacional, ressalta o relatório.

Falta de metas 
Além disso, “nossa pesquisa sugere que aqueles que têm metas net zero não as estão aplicando de forma confiável”, aponta a Net Zero Tracker, que se baseou em programas e relatórios públicos das empresas.

Das 40 sociedades de capital fechado analisadas que têm uma meta net zero, apenas duas divulgaram um programa para alcançá-la, e “faltam detalhes-chave na maioria”. Apenas duas, Ikea e Bechtel, excluíram o uso de créditos de carbono.

No total, 24 das 40 empresas não especificam se vão usar para compensar suas emissões esse mecanismo polêmico, que se baseia em financiar projetos que permitam reduzir as emissões de CO2.

A credibilidade dos créditos de carbono, acusados de serem usados pelas empresas como um passe para continuarem poluindo, foi manchada nos últimos anos por investigações e escândalos.

“O relatório mostra que dezenas de empresas que não são negociadas nos maiores mercados do mundo, como Estados Unidos, União Europeia e China, seguem sem ter um objetivo net zero, ou de redução de emissões”, lamenta a ONG.