Haddad detalhou o valor da renúncia para perdão dos juros da dívida gaúcha com a UniãoFabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Brasília - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou nesta segunda-feira, 13, que o perdão sobre os juros da dívida do Estado do Rio Grande do Sul com a União se aplica sobre todo o estoque, que é de cerca de R$ 100 bilhões. Esse benefício gera uma renúncia de R$ 4 bilhões por ano. Como a suspensão do pagamento da dívida vai durar por três anos, o perdão vai somar R$ 12 bilhões.
Segundo Haddad, o fluxo de R$ 11 bilhões em pagamento que será suspenso será reincorporado no valor total da dívida apenas com a correção do IPCA. "Não tem impacto primário quando eu faço isso", disse.
"O governo do estado do Rio Grande do Sul vai, em vez de mandar pra cá, ficar com o dinheiro (os R$ 11 bilhões) numa conta separada para obras de reconstrução. O contrato prevê juros de 4%. Durante esse período todo (36 meses), os juros serão zerados. É isso que soma os R$ 12 bilhões", disse Haddad, que, questionado sobre a demanda do Estado de quitação do passivo, reforçou que o perdão dos juros vai somar uma quantia ainda maior que o fluxo de pagamentos interrompido.
Sobre a discussão geral das dívidas dos estados, Haddad respondeu que o tema será retomado tão logo o Rio Grande do Sul seja atendido.
O ministro não quis fazer avaliações, por sua vez, sobre o momento de retomada dos pagamentos pelo estado gaúcho.
"Esperamos que até lá, as coisas estejam normalizadas. Compromisso que assumi com o governador é que, qualquer que seja a negociação com os demais Estados devedores que não estão na condição do Rio Grande do Sul, vai haver um rebatimento para o acordo que foi feito hoje", disse Haddad.
Arcabouço jurídico
O ministro da Fazenda afirmou que está sendo construído com "arcabouço jurídico" para que o governo federal tome as decisões "na exata dimensão" dos problemas do Rio Grande do Sul. Segundo o ministro, o foco da gestão Lula 3 é fazer medidas preparatórias para entrarem em ação quando as águas baixarem nos municípios gaúchos.
"Tudo o que puder ser feito hoje como medida preparatória, estamos fazendo para que, quando as águas baixarem e as obras estiverem contratadas, isso aconteça o mais rápido possível", disse Haddad.
De acordo com Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer anunciar, até quarta-feira, 15, medidas para as famílias gaúchas. Haddad, contudo, acrescentou que não pode antecipar o que o chefe do Executivo ainda está tomando conhecimento, em relação às medidas.