Juros futuros fecharam a sessão desta segunda-feira, 12, perto da estabilidadeMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Juros: taxas zeram queda após declarações de Galípolo e cautela externa
Dólar também ganhou força ante o real
Os juros futuros fecharam a sessão desta segunda-feira, 12, perto da estabilidade, zerando o ritmo de queda à tarde, após declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, endossarem o risco de alta da Selic e diante da piora das tensões geopolíticas, que fez disparar os preços do petróleo e transferiu fluxo a ativos seguros, como o mercado de Treasuries. O dólar também ganhou força ante o real.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,765% (máxima), de 10,745% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 passava de 11,54% para 11,56%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,56% (11,55% no ajuste anterior) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,62%, estável ante o ajuste anterior.
A taxas percorreram a manhã em queda firme, com alguns contratos da ponta longa chegando a perder 20 pontos-base, embaladas pela queda do dólar, que furou o nível de R$ 5,50, e pelo Boletim Focus com pausa na piora da mediana de IPCA em 2025. À tarde, o ritmo de baixa começou a perder força inicialmente com o ambiente externo de maior cautela e depois com as falas de Galípolo. O dólar também se firmou novamente acima de R$ 5,50, com virada pontual para cima.
Durante o Warren Institutional Day, o diretor afirmou ter ficado satisfeito com a reação do mercado à sua última fala pública, embora tenha dito também que em nenhum momento quis passar a mensagem de que alterou o tom, que segundo ele, é coerente com o de comentários feitos anteriormente. Na semana passada, Galípolo endossou a avaliação de que o balanço de riscos para a inflação está assimétrico para cima e disse que "não faz sentido" imaginar que um diretor indicado pelo presidente Lula não possa votar por um aumento de juros. As declarações da semana passada reforçaram, nos DIs, a apostas de alta da Selic.
O diretor hoje disse ainda que uma alta da Selic está "na mesa do Copom", que está na dependência dos dados, reiterando que "de maneira nenhuma" o colegiado vai se desviar da rota de perseguição da meta de inflação.
"Ele reforçou a sinalização da semana passada, de compromisso com o cumprimento da meta e de união do Copom nesta tarefa", comentou o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, que cita ainda a indicação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a revisão na projeção de PIB como vetor de pressão nas taxas.
Também em participação no evento, Haddad disse que a projeção da Secretaria de Política Econômica (SPE) de crescimento de 2,5% do PIB neste ano tende a ser revista para cima em breve. Para Rostagno, a indicação traz alguma preocupação pelo lado fiscal. "A arrecadação deve crescer e gerar espaço para aumento de gastos", explicou.
Na Pesquisa Focus, as expectativas para o IPCA seguem distantes da meta de 3%, mas o mercado celebrou que a piora da mediana para 2025 não somente teve uma trégua como recuou pela primeira vez desde março. Ainda que marginal, a oscilação (de 3,98% para 3,97%) foi suficiente para ajudar a aliviar a curva pela manhã. "O fato de não ter voltado a subir já gera alguma expectativa de estabilização", disse Rostagno.
Já a mediana para 2024 subiu de 4,12% para 4,20%, movimento atribuído ao IPCA de julho (0,38%) acima da mediana das estimativas (0,35%). As da Selic permaneceram em 10,50% ao final de 2024; 9,75% ao fim de 2025; e 9,00% para 2026.
A curva a termo embutia no meio da tarde 69% de probabilidade de um aperto de 25 pontos-base da Selic no Copom de setembro, contra 31% de chance de manutenção dos atuais 10,50%. Para o fim de 2024, projetava taxa de 11,42%. Para 2025, havia precificação média de alta de 10 pontos por reunião, o que resultaria numa Selic de 12,25%, segundo Rostagno.
No exterior, a postura defensiva cresceu na segunda etapa, com sinais de escalada nos conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia. O petróleo disparou para as máximas desde meados de julho e os retornos dos Treasuries ampliaram a queda em função da busca pela segurança e, por isso, o impacto nas taxas locais foi no sentido oposto. O dólar à vista passou a cair menos, mas na reta final fechou abaixo dos R$ 5,50.
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