Entidade avalia que incerteza sobre futuro da Selic, inflação e contas públicas cria pressão sobre expectativasMelissa Rahalf / Freepik
Confiança do comércio cai 1,5% em agosto ante julho, mostra CNC
Índice permaneceu, ainda assim, na zona de satisfação, acima dos 100 pontos
Os comerciantes brasileiros ficaram menos otimistas em agosto, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 1,5% em relação a julho, a quarta queda consecutiva, já descontadas as influências sazonais.
O índice ficou em 108,7 pontos, permanecendo assim na zona de satisfação, acima dos 100 pontos. Na comparação com agosto de 2023, porém, o Icec recuou 1,8%.
Na passagem de julho para agosto, os três componentes do Icec registraram retração. O componente de avaliação das condições atuais caiu 3,1%, para 83,8 pontos, com recuos nos itens economia (-5,0%), empresa (-2,2%) e setor (-2,8%).
O componente das expectativas caiu 1,1% em agosto ante julho, para 138,6 pontos, com piora nos quesitos economia (-1,2%), setor (-0,8%) e empresa (-1,2%). O componente das intenções de investimentos encolheu 0,8% em agosto ante julho, para 103,7 pontos, com redução nos itens contratação de funcionários (-1,5%) e empresa (-1,1%), mas avanço em estoques (+0,3%).
A entidade avalia que a incerteza econômica em relação ao futuro da taxa básica de juros (a Selic), à inflação e às contas públicas cria uma pressão sobre as expectativas para os próximos resultados do comércio.
Confiança cai mais entre semiduráveis
Quanto aos segmentos do comércio, a queda na confiança foi mais acentuada no ramo de roupas, calçados, tecidos e acessórios, itens semiduráveis, com recuo de 1,8%. Entre os produtos de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos, houve uma redução de 1,4% na confiança do empresariado. Já no ramo de bens duráveis, como eletrodomésticos e veículos, a confiança encolheu 1,3%.
A possibilidade de novos aumentos na taxa de juros já afeta as expectativas para os próximos meses, apontou o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.
"Apesar de um cenário de juros mais favorável, a incerteza sobre a duração dessas condições gera cautela entre os empresários, que já começam a prever desafios nos próximos meses", avaliou Tavares, em nota da CNC.
Confiança do comércio gaúcho ensaia recuperação
A confiança do empresário do comércio no Rio Grande do Sul ensaiou recuperação em agosto, após uma sequência de três meses seguidos de perdas, em decorrência da tragédia climática na região. O Icec gaúcho registrou um aumento de 6,4% em agosto ante julho, alcançando 99,4 pontos.
"O maior avanço foi observado na avaliação sobre as condições atuais da economia, com um crescimento de 9,7%, o que reflete a confiança dos empresários na recuperação econômica do Estado. As intenções de investimento tiveram crescimento de 7,1%, com destaque para a intenção de contratação de funcionários, que aumentou 8,4%, voltando a superar os 100 pontos após dois meses de insatisfação dos comerciantes", relatou a CNC.
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