Montadoras torcem para que Copom mantenha a taxa Selic no patamar atualReprodução
Para Anfavea, desempenho do mercado automotivo depende da manutenção das taxa de juros
Para presidente da entidade, setor será impactado no caso de elevação da Selic
São Paulo e Brasília - Apesar dos resultados, em agosto, parecidos com o desempenho que o setor mostrava antes da pandemia, a direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, demonstrou preocupação com as próximas decisões sobre os juros de referência da economia. O Banco Central (BC) deixou em aberto a possibilidade tanto de manter quanto elevar a taxa básica (Selic), atualmente em 10,5%, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 17 e 18.
Na sexta-feira, 30, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avisou que a alta de juros, quando e se acontecer, será gradual. Porém, na terça-feira, a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) com crescimento acima das expectativas no segundo trimestre incentivou apostas no mercado financeiro de que o BC pode abrir o ciclo de aperto monetário com um aumento de 0,5 ponto porcentual nos juros.
Durante a apresentação dos resultados de agosto, quando o ritmo diário de vendas (10,8 mil veículos por dia útil) foi o melhor do ano e a produção voltou aos níveis de cinco anos atrás, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, destacou que a redução dos juros foi decisiva na recuperação do setor, junto com a maior oferta de crédito, o mercado de trabalho aquecido e o crescimento da atividade econômica.
Questionado, porém, se o desempenho é sustentável, ele ponderou que a resposta vai depender muito das decisões do BC. "Se a Selic permanecer no patamar que está, com viés de baixa pelo menos no médio prazo, o mercado continuará com esse aquecimento "
E acrescentou: "Nossos emplacamentos têm crescido, mais do que imaginávamos, muito em razão da redução da taxa de juros, é um fator decisivo ... Nossa expectativa é que não haja aumento substancial da taxa, mas reconhecendo que esta questão é muito mais complexa do que o desejo político."
A avaliação da entidade das montadoras é de que o ritmo de vendas de veículos no Brasil segue consistente, ao passo que a produção de agosto mostrou um volume robusto — 259,6 mil veículos saíram das linhas de montagem no mês, número mais alto desde outubro de 2019.
As exportações ainda caem forte em 2024 — redução de 17,9% de janeiro a agosto —, porém mostraram nos últimos dois meses resultados melhores. É um sinal alentador para o fechamento do ano, sobretudo porque houve crescimento nos maiores mercados de destino: Argentina, México, Colômbia e Chile.
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