Edifício-Sede do Banco Central em BrasíliaMarcello Casal Jr/Agência Brasil

As projeções dos analistas para a inflação de 2024 e para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiram nesta semana, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 16, pelo Relatório Focus do Banco Central. A pesquisa realizada com economistas é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
A mediana do relatório para o IPCA de 2024 subiu pela nona semana consecutiva, de 4,30% para 4,35%, aproximando-se ainda mais do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, estava em 4,22%. Nos últimos cinco dias úteis, 116 instituições revisaram as estimativas de IPCA e, nessa base, a mediana seguiu em de 4,37%.

A mediana para o IPCA de 2025 passou de 3,92% para 3,95%, de 3,91% um mês antes. Considerando apenas as 116 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 4,00% para 3,97%.

No último ciclo de comunicações, o Copom informou que considera o primeiro trimestre de 2026 como o seu horizonte relevante. O colegiado espera que a inflação acumulada em 12 meses atinja 3,4% no período, no cenário de referência, ou 3,2%, no cenário com a Selic estável em 10,5%.

O BC espera inflação de 4,2% este ano e de 3,6% no ano que vem, no cenário de referência. No cenário alternativo, projeta IPCA de 4,2% em 2024 e 3,4% em 2025.

As medianas para os horizontes mais longos também se mantiveram descoladas do centro da meta. Para 2026, oscilou de 3,60% para 3,61% após 14 semanas de estabilidade. Para 2027, seguiu em 3,50% pela 63ª semana consecutiva.
PIB
A mediana do relatório para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024 saltou de 2,68% para 2,96%. Há um mês era de 2,23%. Considerando apenas as 81 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária para o crescimento do PIB de 2024 seguiu em 3,00%.

A mediana do relatório Focus para a alta do PIB de 2025 seguiu em 1,90%. Quatro semanas antes, estava em 1,89%. Levando em conta só as 81 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,88% para 1,90%.

Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,00%, como já estão há 58 e 60 semanas, respectivamente.

A última estimativa divulgada pelo BC, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, indicava crescimento de 2,3% para o PIB brasileiro este ano. O Ministério da Fazenda espera que o PIB brasileiro cresça 3,2% em 2024, de acordo com revisão publicada na última sexta-feira, 13.
Déficit primário em relação ao PIB
A mediana do relatório para o déficit primário de 2024 seguiu em 0,60% do PIB. Há um mês, era 0,64%. Mesmo com o recuo, os números continuam distantes da meta deste ano, de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou para menos. O próprio governo espera obter um déficit primário de R$ 28,8 bilhões em 2024, exatamente em linha com o piso do alvo.

A mediana do Focus para o déficit primário de 2025 continuou em 0,75% do PIB, fora do intervalo da meta do ano que vem, que também é de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto do PIB. Um mês antes, a projeção era de um déficit de 0,70% do PIB.

O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 apresentado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento segue a meta do novo arcabouço fiscal de déficit primário zero no ano que vem em proporção do PIB. As tabelas do documento trouxeram um resultado neutro, equivalente a 0% do PIB, que já desconta cerca de R$ 44 bilhões de gastos com precatórios que ficam fora da meta.

Nominal

A estimativa intermediária do Focus para o déficit nominal de 2024 passou de 7,40% para 7,55%, contra 7,30% um mês atrás. A estimativa intermediária para 2025 passou de déficit nominal de 6,75% para 7,20% do PIB. Há quatro semanas, estava em 6,50%.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.

A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB em 2024 passou de 63,70% para 63,50%, ante 63,65% de quatro semanas atrás. A estimativa intermediária para 2025 passou de 66,45% para 66,10%, contra 66,20% um mês antes.
Selic
Depois da forte correção na semana passada, a mediana do relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 11,25% ao ano. Um mês antes, estava em 10,50%. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana.

Já a projeção para a Selic no fim de 2025 passou de 10,25% para 10,50% ao ano. Há quatro semanas, estava em 10,00%.

Considerando apenas as 107 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 11,25%. A estimativa intermediária para os juros no fim de 2025 seguiu em 10,50%, também incorporando apenas as 106 atualizações da semana passada.

Os analistas de mercado mantiveram a mediana das expectativas para a Selic em 2026 em 9,50%. Um mês atrás, era de 9,00%. A Focus também traz a continuidade da projeção de 9,00% em 2027, mesmo patamar das últimas 17 semanas.
Dólar
A mediana do relatório Focus para o dólar no fim de 2024 oscilou de R$ 5,35 para R$ 5,40, de R$ 5,31 um mês antes. A estimativa intermediária para o fim de 2025 passou de R$ 5,30 para R$ 5,35, ante R$ 5,30 de quatro semanas atrás.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Déficit em conta corrente
Os economistas do mercado financeiro atualizaram as estimativas de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para este e o próximo ano no Relatório de Mercado Focus desta semana.

A projeção deficitária passou de US$ 36,45 bilhões para US$ 38,50 bilhões, ante US$ 38,00 bilhões de um mês atrás. Para 2025, a estimativa de déficit passou de US$ 43,25 bilhões para US$ 43,50 bilhões, ante US$ 43,60 bilhões de quatro semanas antes.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2024, a projeção passou de US$ 83,53 bilhões para US$ 82,87 bilhões, de US$ 82,44 bilhões um mês antes. Para 2025, a mediana passou de US$ 79,00 bilhões para US$ 77,65 bilhões, ante US$ 78,50 bilhões de quatro semanas atrás.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) é mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes. A mediana das previsões para o IDP em 2024 passou de US$ 71,00 bilhões para US$ 70,75 bilhões, de US$ 70,00 bilhões de um mês antes. Para 2025, a estimativa passou de US$ 73,50 bilhões para US$ 73,56 bilhões, de US$ 71,20 bilhões de quatro semanas atrás.