Banco Central destaca o aumento da oferta de empregosMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Dados do BC apontam para mercado de trabalho aquecido
Taxa de desocupação se encontra em patamar próximo ao mais baixo da série histórica, segundo o Banco Central
Brasília - Junto com o Relatório Trimestral de inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 26, o Banco Central publicou um boxe intitulado "Indicadores complementares de mercado de trabalho". "Em seu conjunto, os indicadores apresentados neste boxe apontam para um mercado de trabalho aquecido", resume o documento no último parágrafo. Pelos cálculos do BC, os empregos com carteira assinada estão no maior patamar da série histórica
De acordo com o trabalho, a taxa de desocupação tem recuado de "forma surpreendente" e se encontra em patamar próximo ao mais baixo da série histórica. O documento também cita que a queda da desocupação neste ano tem sido puxada pelo aumento do emprego, em particular do formal, e acompanhada de aumento real dos salários.
"Os trabalhadores têm encontrado maior facilidade em encontrar melhores oportunidades de emprego, levando a maior taxa de rotatividade e aumento dos desligamentos a pedido", considerou o texto, acrescentando que, na construção e nos serviços têm aumentado as menções à escassez de mão de obra qualificada como um fator que limita a expansão da produção.
O boxe lembrou que as últimas edições do RTI têm destacado o dinamismo do mercado de trabalho e que a ideia agora é apresentar diversos indicadores, incluindo medidas alternativas e recortes diferentes dos usualmente utilizados. "Em seu conjunto, corroboram a avaliação de que o mercado de trabalho está aquecido", repetiu.
Desocupação
Um dos pontos analisados é a taxa de desocupação (TD), que tem recuado mais do que o esperado, aproximando-se das mínimas históricas. "Ao longo deste ano, as previsões dos analistas para a TD, coletadas pela pesquisa Focus, foram revisadas para baixo continuamente, refletindo sucessivas surpresas baixistas", trouxe o texto, acrescentando que, para o trimestre encerrado em julho, a mediana das expectativas do Boletim em janeiro era de 8,2% e, com as revisões ao longo do ano, essa expectativa caiu para 6,9% na véspera da divulgação do dado. "A taxa divulgada acabou sendo de 6,8%, a menor registrada para trimestres encerrados em julho desde o início da série histórica em 2012."
O documento lembrou também que, considerando os dados ajustados sazonalmente, a TD atingiu em julho 6,9%, apenas ligeiramente acima da mínima histórica de 6,7% observada em alguns meses de 2014. O recuo na TD, conforme o texto, foi disseminado entre as Unidades da Federação e, em várias delas, a taxa já é a menor da série histórica.
Subocupação
O boxe ressaltou que indicadores mais abrangentes de subutilização da força de trabalho revelam que não apenas a desocupação recuou, como também o porcentual de trabalhadores que estão subocupados. Enquanto a TD passou de 12,0% no pré-pandemia (média de 2019) para os atuais 6,9% (com ajuste sazonal) - um recuo de 5,1 pp -, a taxa de desocupação e subocupação, medida que considera como desocupados aqueles que trabalharam menos de 40 horas por semana e que gostariam de trabalhar mais, diminuiu ainda mais: de 18,6% para 11,4%.
Uma evolução semelhante, de acordo com o BC, foi observada ao ajustar a medida pelo total de horas trabalhadas. Além disso, a participação dos desalentados na força de trabalho ampla foi "substancialmente reduzida", conforme o texto.
Nível de Ocupação e Força de Trabalho
O boxe continua dizendo que, desde meados de 2023, a queda do desemprego ocorre em um contexto de expansão do nível de ocupação (NO) e da taxa de participação na força de trabalho (TP). "A TD tem recuado consistentemente desde 2021, mas a composição da queda, que importa para a avaliação do mercado de trabalho, não foi uniforme durante todo o período", considerou.
A recuperação do NO e da TP no período pós-pandemia foi interrompida em meados de 2022, como averiguou o BC, e, desse momento até meados de 2023, a queda da desocupação ocorreu não tanto pelo aumento da ocupação, mas pela diminuição da taxa de participação na força de trabalho. "Essa dinâmica mudou de forma que, desde então, a queda da TD tem ocorrido efetivamente em razão do aumento da ocupação."
Trabalho Formal
Depois de citar amplamente o Caged no texto, o BC concluiu que o trabalho formal tem ganhado participação na ocupação. Segundo a PNAD Contínua, a participação dos empregados com carteira assinada na PO tem aumentado desde 2021, embora ainda esteja bem abaixo dos máximos históricos.
Contudo, ao se utilizar um conceito mais amplo de trabalhadores formais — que inclui, além dos empregados com carteira, o setor público e os empregadores e trabalhadores por conta própria com Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) —, a participação do trabalho formal encontra-se mais próxima dos máximos históricos (quando se ignora o curto período após a eclosão da pandemia). "Considerando-se dados de vínculos empregatícios do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), também normalizados pela PO da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a conclusão é a de que os empregos com carteira estão no maior patamar da série histórica."
Em outro trecho, o boxe acrescenta que indicadores complementares do setor formal também mostram aquecimento do mercado de trabalho. Além disso, cita que o tempo para se encontrar uma nova ocupação tem diminuído e que o menor grau de ociosidade no mercado de trabalho também se manifesta em sondagens empresariais.
Rendimentos
O desempenho dos rendimentos também aponta para um quadro de aquecimento do mercado de trabalho. Segundo a PNAD Contínua, o rendimento médio real habitual do trabalho no trimestre encerrado em julho foi 4,9% superior ao observado em igual período de 2023, e 4,5% superior ao observado no período pré-pandemia. "Embora a magnitude do crescimento da renda sugerido por esse indicador destoe da de outros indicadores de renda, todos apontam para crescimento salarial em ritmo que supera a inflação."
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