Luiz Inácio Lula da Silva e Xi JinpingAFP
Brasil e China preparam acordos em áreas como agro, infra e finanças para visita de Xi Jinping
Presidente chinês será recebido por Lula no dia 20, em Brasília
Os governos do Brasil e da China irão anunciar uma série de atos bilaterais e memorandos de entendimento nas áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, finanças e ciência e tecnologia na próxima semana. Os acordos serão divulgados durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, no dia 20, quando ele será recebido pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.
"Há sinergias entre as políticas de desenvolvimento e programas de investimentos de Brasil e China com foco em finanças, infraestrutura, desenvolvimentos de cadeias produtivas, transformação ecológica e tecnologia que poderiam beneficiar os programas Novo PAC, Nova Indústria Brasil, plano de transição ecológica e rotas de integração sul-americana", disse o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério de Relações Exteriores, Eduardo Paes Saboia, em conversa com a imprensa sobre a visita de Estado.
Sobre a adesão ou não do Brasil à iniciativa chinesa conhecida como "Nova Rota da Seda", o embaixador não entrou em detalhes. Apesar de dizer que o assunto não seria um "tabu" e que a declaração conjunta entre o Brasil e a China aprovada no ano passado trata de "aprofundar sinergias", Saboia afirmou que não daria "spoilers" em torno do tema. "O foco é sinergia, é somar, é energizar para criar resultados que beneficiem os nossos países", disse.
Segundo o embaixador, para a visita de Xi Jinping, estão em negociação protocolos para a exportação de mais produtos agrícolas brasileiros à China. Outro pilar são os investimentos.
Saboia afirmou que o governo brasileiro tem a intenção de ver uma presença "ainda mais robusta" de investimentos chineses aqui, em particular em infraestrutura e na capacidade produtiva industrial. "A visita apresentará iniciativas governamentais para incrementar os contatos nessas áreas. Dos 93 projetos industriais chineses no Brasil, tiveram destaque sobretudo a indústria automotiva, eletroeletrônica e de máquinas e equipamentos", comentou o secretário.
Na área de finanças, Saboia destacou que, desde a visita de Lula à China em 2023, tem havido esforço por uma maior aproximação no segmento. De acordo com ele, estão em desenvolvimento iniciativas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Ministério da Fazenda e da B3 com linhas de financiamento, cofinanciamento de projetos e a possibilidade de negociação de fundos brasileiros em bolsas chinesas e vice-versa
No pilar de ciência, tecnologia e inovação, o embaixador afirmou que a operação bilateral tem avançado para pesquisas em novas áreas como fontes de energia limpa, nanotecnologia, tecnologias da informação e comunicação. "E o MCTI tem desenvolvido iniciativas com as contrapartes chinesas para estabelecimento de cooperação na indústria fotovoltaica, tecnologia nuclear, inteligência artificial e mecanização e inteligência da agricultura familiar", afirmou.
O embaixador ainda classificou a visita do líder chinês como o "ponto alto" da comemoração do meio século de relações diplomáticas. "Brasil e China são atores fundamentais para o processo de reforma da governança global. Além da relação política, existe uma relação comercial de primeira ordem. A visita servirá para reiterar o esforço do Brasil em continuar e ampliar os números do comércio bilateral e diversificar a pauta comercial com produtos brasileiros com maior valor agregado", disse.
Ele também foi questionado sobre como a eleição de Donald Trump para um novo mandato a partir do próximo ano nos Estados Unidos poderia influenciar a relação entre Brasil e China. Saboia respondeu, por sua vez, que a conexão entre os países já atravessou "vários" governos norte-americanos, em diversas situações internacionais, e nesse período "só se fortaleceu". "Nós temos excelentes relações com os Estados Unidos, e é um forte desejo do Brasil manter relações boas e densas com os Estados Unidos e com a China", se restringiu a responder.
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