Mercosul e União Europeia negociam há vários anosReprodução

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu nesta quinta-feira (5) a conclusão do acordo comercial aguardado entre União Europeia (UE) e Mercosul, poucas horas antes de uma reunião de cúpula que pode servir de cenário para o tão esperado anúncio.
"Pousamos na América Latina. A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar, vamos atravessá-la. Temos a oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de pessoas", anunciou Von der Leyen na rede social X.
Os presidentes dos países do Mercosul se reúnem nesta quinta e sexta-feira em uma cúpula em Montevidéu, evento considerado ideal para o anúncio do acordo com a UE.
A princípio, o acordo beneficia os quatro países fundadores do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). A Bolívia integra o bloco sul-americano, mas não é parte do acordo.
O site do governo do Uruguai havia incluído na agenda do presidente Luis Lacalle uma reunião "a confirmar" com Von der Leyen em Montevidéu nesta quinta-feira.
A Comissão Europeia (o Executivo da UE) está sob forte pressão há várias semanas para decidir se assina ou não o acordo, negociado de maneira intensa há 25 anos.
Em Bruxelas, o sentimento generalizado é que a UE já negociou o suficiente e chegou a hora de dar o próximo passo.
Na terça-feira, a diretora-geral de Comércio da Comissão Europeia, Sabine Weyand, declarou aos eurodeputados que a discussão prosseguia "a nível político", sugerindo que a fase técnica das conversações teria chegado ao fim. A UE, no entanto, não tem uma posição unificada.
De um lado, países como Espanha, Portugal e Alemanha pressionam pela conclusão do acordo o mais rápido possível. Do outro lado, França e Polônia não escondem a insatisfação com a iniciativa.
O projeto de tratado busca, em seu capítulo comercial, eliminar a maioria das taxas alfandegários entre a UE e o Mercosul para criar um amplo mercado de mais de 700 milhões de consumidores.
Além disso, o projeto de acordo tem um capítulo político e outro sobre cooperação e investimentos.
Em junho de 2019, os dois blocos anunciaram que haviam alcançado um acordo político, mas este nunca foi ratificado do lado europeu.
O acordo permitiria à UE exportar com mais facilidade seus automóveis, máquinas e produtos farmacêuticos. Em contrapartida, o bloco sul-americano poderia vender carne, açúcar, arroz, mel e soja.
Na UE, partidários do acordo apontam que o bloco europeu deve concretizar o acordo.
Em particular, o agravamento das tensões comerciais com a China e o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos levam a UE a buscar uma aproximação do maior número possível de aliados.
A França conseguiu obter o apoio da Polônia em sua oposição ao acordo e poderia contar com o suporte da Itália, mas ainda não está claro se uma frente de poucos países conseguirá impedir que a Comissão Europeia decida finalizar as negociações.
Na quarta-feira, o porta-voz da Comissão para Assuntos Comerciais do bloco, Olof Gill, admitiu que o processo de ratificação de todo o acordo do lado europeu ainda não havia sido definido.
"Claro, qualquer acordo comercial deve ser ratificado, mas existem diferentes opções quanto ao tipo de processo de ratificação. Existem precedentes de diferentes tipos de acordos", disse.