TSE implementou mecanismos para dar resposta rápida à desinformaçãoReprodução
Além disso, o uso de inteligência artificial (IA) nas campanhas eleitorais foi regulamentado com a proibição das "deepfakes", conteúdos que reproduzem artificialmente falas, imagens e vídeos.
Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação
Foi inaugurado em março deste ano, pelo então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, o Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (Ciedde) com o objetivo de atuar de maneira rápida e eficiente.
O Ciedde tem uma rede de comunicação em tempo real com os 27 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), para garantir que as fake news e a utilização irregular da IA – na produção de deepfakes, por exemplo – possam ser combatidas nas Eleições Municipais de 2024.
Além da desinformação eleitoral, o centro também vai combater discursos de ódio, discriminatórios e antidemocráticos na esfera eleitoral.
Sistemas de Alertas de Desinformação Eleitoral
O TSE faz a coleta das denúncias e repassa para as plataformas digitais, que, por sua vez, avaliam se houve violação à legislação ou aos respectivos termos de uso. Os alertas também são encaminhados ao Ministério Público Eleitoral e demais autoridades para adoção das medidas legais cabíveis.
Uma notificação por e-mail será apresentada às plataformas que integram o centro integrado e, no prazo de duas horas, deverá ser avaliada a hipótese de violação da legislação eleitoral a partir dos parâmetros contidos no repositório de decisões judiciais do TSE. Já nas situações que envolvam denúncias de plataformas que não façam parte do Ciedde, a comunicação será enviada por e-mail, para avaliação e resposta, também no prazo de duas horas.
Nas situações em que seja verificada a existência de decisão anterior do TSE sobre os mesmos fatos, a presidência do Tribunal Superior Eleitoral poderá determinar a imediata remoção do conteúdo ou o bloqueio de contas.
Inteligência Artificial regulamentada
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) regulamentou de maneira inédita no início do ano, o uso da inteligência artificial (IA) na propaganda de partidos, coligações, federações partidárias, candidatas e candidatos nas Eleições Municipais de 2024.
As principais decisões foram proibição das deepfakes; obrigação de aviso sobre o uso de IA na propaganda eleitoral; restrição do emprego de robôs para intermediar contato com o eleitor (a campanha não pode simular diálogo com candidato ou qualquer outra pessoa); e responsabilização das big techs que não retirarem do ar, imediatamente, conteúdos com desinformação, discurso de ódio, ideologia nazista e fascista, antidemocráticos, racistas e homofóbicos.
A regulamentação proíbe, na propaganda eleitoral, conteúdo fabricado ou manipulado para difundir fatos notoriamente inverídicos ou descontextualizados com potencial para causar danos ao equilíbrio do pleito ou à integridade do processo eleitoral, sob pena de cassação do registro ou do mandato.
Conforme aprovado, a inteligência artificial só poderá ser usada na propaganda eleitoral, em qualquer modalidade, com um aviso explícito de que o conteúdo foi gerado por meio de IA.
Caso uma candidata ou um candidato use deepfake (conteúdo em áudio ou vídeo, digitalmente manipulado por IA), poderá ter o registro ou o mandato cassado, com apuração das responsabilidades conforme disposto no Código Eleitoral.
Responsabilização de provedores
A resolução sobre propaganda eleitoral também impõe uma série de obrigações aos provedores de internet e às plataformas digitais para combater a disseminação de fake news. O texto prevê a responsabilização das plataformas que não retirarem do ar, imediatamente, conteúdos que contenham discursos de ódio ou teor antidemocrático, entre outros.
As big techs deverão ainda adotar e divulgar medidas para impedir ou diminuir a circulação de fatos notoriamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral.
Pela resolução, a Justiça Eleitoral poderá determinar que as empresas divulguem conteúdo informativo que esclareça o teor inverídico ou gravemente descontextualizado impulsionado.
Programa de Enfrentamento à Desinformação
Outra iniciativa do Tribunal Superior Eleitoral é o Programa de Enfrentamento à Desinformação, que combate os efeitos nocivos das narrativas falsas contra a Justiça Eleitoral e seus representantes, o sistema eletrônico de votação e as diferentes fases do processo eleitoral.
Nos acordos, as empresas Facebook Brasil (responsável pelo Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp), TikTok, LinkedIn, Kwai, X (antigo Twitter), Google e Telegram se comprometem a adotar medidas rápidas para conter as notícias falsas e a cooperar com o Tribunal no Ciedde.
Disque-denúncia 1491
O número 1491 foi disponibilizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para receber denúncias por ligações gratuitas sobre conteúdos mentirosos espalhados nas eleições. A ministra Cármen Lúcia explicou que a criação do canal visa promover maior agilidade ao trabalho executado pelo Ciedde e dar uma resposta eficiente às mentiras digitais.
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