Henrique Simonard (PCO) é o primeiro entrevistado da 6ª edição do ?Movimento Rio em Frente?Agência O Dia / Eduardo Uzal

Rio - O candidato do Partido da Causa Operária (PCO) à Prefeitura do Rio de Janeiro, Henrique Simonard, abriu no início da tarde desta segunda-feira a 6ª edição do "Movimento Rio em Frente". A série de entrevistas com os candidatos a prefeito da capital carioca promovida pela Fecomércio-RJ, em parceria com os jornais O DIA E MEIA HORA, SBT e Veja Rio, será realizada até esta sexta-feira no auditório da entidade, no Flamengo, Zona Sul do Rio.

Em entrevista à apresentadora Isabele Benito, âncora do SBT Rio, Simonard falou sobre suas propostas envolvendo temas como educação, transportes, saúde e segurança. Confira abaixo os principais trechos da conversa, que foi transmitida ao vivo pelas plataformas digitais do DIA, como YouTube e Facebook, e também pelo SBT News.

O Partido da Causa Operária defende um governo voltado para os trabalhadores. Um dos seus planos é o de garantir que apenas profissionais da educação trabalhem no setor. Como o senhor pretende colocar isso em prática?

Henrique Simonard - Nosso projeto é bem simples: aumentar a quantidade de professores nas escolas, disponibilizar escolas em tempo integral para as crianças ficarem nas escolas bem cuidadas, fazendo todas as refeições, para que a mãe possa trabalhar. E também liberdade de cátedra, para o professor poder ensinar nas escolas o que ele quiser. Durante o governo Bolsonaro, tivemos perseguição aos professores que falavam sobre temas básicos como Revolução Russa, Industrial, Francesa. Eles eram perseguidos, linchados.

O seu partido quer estatizar a saúde, a educação e o transporte. Caso seja eleito, como o senhor pretende implementar a estatização dos serviços de saúde no Rio de Janeiro e quais serão as estratégias para assegurar que essa medida melhore a qualidade do atendimento no município?

Henrique Simonard - Queremos oferecer um sistema público de qualidade, trabalhar com o governo federal e o governo do estado, discutir o aumento do orçamento para a Saúde. O Rio contribui muito com a União com R$ 200 milhões em impostos, mas só retornam R$ 40 milhões para nós. Ao invés de o dinheiro ir e voltar na forma de infraestrutura, de hospitais, de contratação de mais médicos, construções de escolas, ele vai para sustentar bancos. O brasileiro é refém (dos bancos), o carioca principalmente. Há quatro anos, no início da pandemia da covid-19, a China começou a construir megahospitais. Não temos hospitais suficientes aqui no Rio. A cidade tem uma população muito concentrada; os hospitais estão sempre superlotados.

Quando se fala do PCO, se pergunta se vai ter diálogo com as outras esferas. Como se dará esse diálogo?

Henrique Simonard - Esse diálogo vai se dar, sobretudo, através da população. Se você vai construir novos hospitais com o dinheiro do município, é preciso ter técnicos para ver onde há mais demanda, mas dialogar também com a população. O que está faltando no bairro? O Rio tem uma região metropolitana muito grande, tem que conversar também com os outros municípios e fazer um plano integrado. Fazer uma auditoria por bairro, constituir um conselho de bairro, como existe conselho de segurança, mas formado principalmente pela população. Para as pessoas proporem à prefeitura o que elas mais precisam; escobrir as demandas da saúde, educação, transportes.

O Rio é a grande vitrine desse Brasil, a cidade mais visitada do país, uma das mais visitadas do mundo. O turismo é o dinheiro mais carioca que tem, praticamente um ouro líquido. Gostaria e saber se para o PCO o turismo é este tesouro como eu enxergo.

Henrique Simonard - O trabalho do turismo hoje é muito voltado para a Zona Sul, Barra, deixando a Zona Norte e o outro pedaço da Zona Oeste à míngua. O Rio é cartão postal, mas muita coisa das décadas de 1910, 1920 e 1930 não existe mais, foi depredada. O Centro do Rio e a Glória estão completamente abandonados. Você fazendo revitalização precisa se voltar para a Zona norte, Madureira, maciço da Pedra Branca, maciço da Tijuca, para oferecer lazer para quem mora no entorno. Abrir mais parques, para além do Parque de Madureira. Podemos fazer outros projetos parecidos em outras regiões.

Qual a proposta do partido para uma sociedade mais moderna e mais justa. Como tornar o Rio mais atrativo para o comércio, para gerar empregos?

Henrique Simonard - Quero criticar o Reviver Centro, projeto injusto de revitalização da Zona Portuária, que empurrou a população de lá para bairros limítrofes do Rio de Janeiro. Estão construindo apartamentos voltados para a burguesia, não tem comércio, uma padaria. As construtoras removem a população que mora ali perto e se voltam para construir prédios mais lucrativos na Zona Sul. A prefeitura precisa reconstruir as moradias que estão lá na região caindo aos pedaços, tornar o transporte acessível para os moradores. O metrô é caríssimo. É preciso forçar o governo do estado a rever isso (concessão do metrô). O do Rio de Janeiro tem uma linha e meia e começou a ser construído junto com o de São Paulo, que tem uma malha muito maior. Originalmente, o metrô do Rio ia para Niterói, passava por Jacarepaguá. Este projeto não foi para frente porque priorizou-se a associação com as linhas de ônibus. Impossível o carioca trabalhar e desfrutar da cidade maravilhosa.

Mas como melhorar as condições de emprego? Gerar emprego para os trabalhadores gastarem no comércio legal?

Henrique Simonard - Parar a perseguição aos ambulantes. Não é onde eles queriam estar, mas é a melhor escolha que eles têm no momento para levar a comida para casa, ter condições mínimas de sobrevivência. Vamos cadastrar todo mundo, montar uma feira para que eles tenham uma barraquinha. Isso não é feito porque não é interesse da prefeitura, mas ali é o cidadão carioca. O problema do comércio do Rio não é o ambulante, é a falta de dinheiro do carioca. O cidadão do Rio de Janeiro está falido. Precisa organizar, vamos organizar. Ao invés de chegar com o cacetete, chegar com uma prancheta para cadastrar e organizar.

Mais alguma proposta para a geração de emprego?

Henrique Simonard - A cidade e o estado do Rio perderam uma grande quantidade de indústrias, é preciso ter um fomento à indústria. A Cedae dava R$ 2 bilhões de superávit para o estado e agora não gera nada e a população está pagando caro pela água. Se o PCO estivesse na prefeitura nesta época, teria feito piquete na frente da Cedae para que não fosse concretizada a venda. (A Cedae) Era do estado, mas quem está se prejudicando é o morador da cidade do Rio de Janeiro.

No final de 2023, o Congresso Nacional aprovou a reforma tributária, por meio da Emenda Constitucional. Entre as mudanças que estão sendo regulamentadas por meio de leis complementares ao longo ainda deste ano, estão a extinção do ISS e a criação do imposto sobre bens e serviços que terá competência compartilhada entre os estados e municípios. Essa mudança impacta a dinâmica de arrecadação do município do Rio de Janeiro, o que demanda uma extensa agenda de adaptação a nova realidade. Qual a proposta do partido já que o dinheiro é necessário?

Henrique Simonard - A primeira coisa a se resolver é o calote da dívida pública, o não pagamento da dívida pública. Vamos parar de dar dinheiro para banqueiro, que suga todo o dinheiro do país mais rico da América Latina, que é o Brasil. Não tem condições de continuar vivendo assim. Estamos discutindo infraestrutura, saúde, turismo, geração de emprego, educação, mas tudo isso vira conversa fora se o brasileiro, o carioca, o fluminense não for dono do próprio dinheiro. O brasileiro paga em dívida para banco mais da metade do orçamento, isso é um absurdo. Não tem como fazer nenhum investimento desta maneira. Não é competência da prefeitura, mas a prefeitura tem um papel a desempenhar. No comando da prefeitura, um partido como o PCO tem que fazer uma campanha pública. Não adianta discutir o Rio de Janeiro se você tem o seu dinheiro sequestrado pelos bancos.
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